Munição para a Oposição

Por Simone Leite

Como o secretário nacional de Cultura, Roberto Alvim foi demitido com celeridade, a tendência é que, com o passar dos dias, o desgaste em torno da imagem presidencial seja minimizada. O fato, porém, deu munição para a oposição tentar rotular Bolsonaro como adepto de ideologias totalitárias de extrema direita.

A referência realizada por Alvim a Goebbels também serviu para fortalecer a unidade da classe cultural e artística contra o governo. Nas horas posteriores à declaração do então secretário, houve uma avalanche de críticas às políticas culturais de viés conservador implementadas pelo Palácio do Planalto que já vinham sendo alvo de questionamentos há algum tempo.

Como forma de neutralizar tais críticas, Bolsonaro convidou a atriz Regina Duarte para assumir a Secretaria. Caso aceite, ela poderá quebrar parte das resistências existentes no meio artístico ao presidente. Também pode minimizar a postura negativa da Rede Globo em relação ao governo, já que a atriz é vinculada à emissora.

Mas  a escolha de Regina Duarte pode trazer dificuldades políticas. Como o meio artístico e cultural abraça uma posição de esquerda e a base social de Bolsonaro é conservadora, embates tendem a ocorrer. Aliás, mesmo antes de ser escolhida, posicionamentos progressistas da atriz já depreciados nas redes sociais.

O episódio pode respingar no ministro da Economia, Paulo Guedes, durante sua passagem pelo Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, na próxima semana. Embora não ocorra contaminação na agenda de reformas, a repercussão internacional do episódio pode levar o ministro a ser questionado novamente no exterior sobre o “grau de compromisso do governo com os valores democráticos”.

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