Nelson Teich ainda nem tinha tomado posse e já pipocavam críticas nas redes sociais. Eu imagino como seria o Brasil, se a mesma fiscalização tivesse acontecido durante as 86 trocas ministeriais de Dilma Rousseff…
Se a imprensa, aliás, tivesse gasto 1/4 do tempo que gasta fiscalizando este governo, na fiscalização dos governos anteriores, não teríamos tido nem a metade dos assaltos que tivemos nos cofres públicos.
Enfim, depois de receber o mesmo vídeo 5 ou 6 vezes, resolvi assisti-lo. Nele, o novo escolhido, que é um respeitado oncologista, questiona, em uma palestra do ano passado, sobre a questão da ÉTICA MÉDICA.
Para tal, propõe um dilema: Se você tem 2 pacientes; um jovem e um idoso, com comorbidades; ambos necessitando de cuidados semelhantes e não tem recursos para tratar os dois, como você faz a “escolha” de qual deles salvar?
Não é um manual de “Como abandonar os velhinhos à morte”. É um questionamento ético, de alguém que, no dia a dia, se vê obrigado a fazer este tipo de escolha.
Sim, amiguinhos, há anos, médicos já tinham que fazer esse tipo de escolha. Bem vindos ao mundo real. Aqui, unicórnios não peidam arcos-íris, em meio a nuvens de algodão doce, em contraste ao céu cor de rosa. As pessoas morrem. Muitas vezes, sem um leito no hospital.
E, pasmem, isso não vem do governo Bolsonaro. Em 2013, a FGV divulgou um estudo sobre o quanto a corrupção afetava a saúde pública.
Em 2016, a revista Exame divulgou, em matéria, que 70% dos desvios de verba pública eram exatamente desta área. Máfia das ambulâncias, Máfia dos Sanguessugas. Valores inimagináveis indo parar no bolso dos mandatários; remédios estragando nos depósitos, para que fossem recomprados com superfaturamento.
A política brasileira sempre foi mais letal do que qualquer vírus. Talvez a “resistência” nunca tenha visto a realidade de um hospital público, com pessoas deixadas para morrer nos corredores. Isso não aparece no feed do Instagram.
A ironia é que, agora, quando a população está registrando hospitais vazios, totalmente o contrário do comum, é que estamos em pânico pelo caos no sistema de saúde, que sempre aconteceu.
Felipe Fiamenghi é empresário e jornalista.