Por Suzano Almeida
Militantes do PT apontaram a falta de unidade interna do partido, o isolamento do governador Agnelo Queiroz, a acomodação de adversários históricos e campanhas midiáticas contra a legenda como principais responsáveis pela derrota nas eleições do ano passado, ainda no primeiro turno. A militância decidiu ainda, durante plenária realizada ontem na Câmara Legislativa, que se manterá em oposição ao governo Rodrigo Rollemberg.
“A meta do PT agora, ao fazer essa análise, é criar unidade interna para que todos falem a mesma língua, fazer os mesmos esforços e superar esse processo. Perder uma eleição não é fácil, pois quando isso acontece a crítica interna é muito maior. É preciso amadurecer, criar um pacto de unidade interna e ir para a rua”, resumiu o presidente regional do PT, Roberto Policarpo, duramente criticado pelos militantes.
Interesses próprios
Entre os motivos levantados para a derrota nas urnas, os militantes apontaram divisões internas dos segmentos petistas, durante o governo passado, que teriam se preocupado mais em defender os próprios interesses do que trabalhar em conjunto para governar a capital, afastando-se de suas bases.
O ex-governador Agnelo Queiroz, que não compareceu a plenária por estar em férias, não foi poupado. A militância o acusou de ter se isolado junto a cúpula do partido e deixado de lado bandeiras históricas dos trabalhadores.
Para os petistas, Agnelo loteou o governo com opositores, deixando de lado membros do próprio partido. Durante a eleição, os aliados de ocasião acabaram fazendo campanha contra a gestão do dele, decretando a derrota do ex-governador ainda no primeiro turno.
O posicionamento do diretório também foi criticado. Sugeriu-se a dissolução da atual executiva e a mudança na forma de escolhe-la. Eleito para comandar o partido no DF até 2017, Policarpo minimizou as críticas e afirmou que os pedidos parten de setores isolados.
A mídia e os partidos de direita também foram apontados como responsáveis pela derrota eleitoral do PT no Distrito Federal.
Para os militantes, o partido tem de se unir internamente para defender o governo da presidente Dilma Rousseff dos ataques indo às ruas, especialmente, os que envolvem a Petrobras e a política econômica.
Ponto de vista
A ex-deputada Arlete Sampaio (PT) aproveitou o encontro para refletir sobre os problemas que levaram o governo petista a perder o Buriti, ainda no primeiro turno. “Fizemos um balanço do processo eleitoral e constatamos que ocorreu uma derrota profunda, tanto política quanto eleitoral. Entendemos que parte da culpa veio dessa campanha nacional que está sendo feita contra o PT, que influenciou no nosso resultado, mas também consequência dos problemas do PT de Brasília, que vai desde a postura imperial do governador, que tomava decisões sozinho, até a questão da direção, que deixou o partido submetido e sem independência para fazer as críticas necessárias”, analisou Arlete.
Oposição dura ao Buriti
O PT definiu, ao menos na plenária, que o partido se manterá em oposição ao governo de Rodrigo Rollemberg. Porém, eles pediram aos parlamentares com mandato que sua ação seja construtiva e responsável. Os petistas afirmaram ainda que a atual gestão tem supervalorizado a crise, com o objetivo de responsabilizar a gestão passada.
A diretora do Sinpro-DF, Rosilene Correa avisou: “O GDF afirma que está um caos, mas se o governo e o MP não voltarem atrás, o DF verá, sim, o que é o caos”. O primeiro passo, após a plenária, será uma mobilização contra a ação do Ministério Público que pretende impedir que o governo conceda os reajustes aos servidores públicos aprovados na gestão anterior.
Só manobra
“As acusações contra o governo passado são pura manobra política. É claro que não podemos deixar de reconhecer que houve uma crise no final, mas esse não é um problema apenas do DF”, declarou Roberto Policarpo, que completou: “Essa crise está sendo supervalorizada e alongada pelo governo do Rollemberg e do Hélio Doyle com dois intuitos: um é de jogar toda a crise no colo do governo passado e o segundo é ganhar tempo para não resolver os problemas, quando foi eleito para isso”, atacou.
A ex-distrital Arlete Sampaio (PT) pediu que o atual governo apresente os números e os responsáveis pela crise. “O PT deve optar por resgatar a verdade, que é o que interessa a gente. É verdade que se deixou R$ 3,5 bilhões de dívida? É verdade que não há dinheiro em caixa? Essa disputa tem que terminar. Se o governo atual está querendo usar esses números falsamente, para desgastar a gestão anterior, está errado. Se nós estamos passando por cima dela, também estamos errados. Portanto, é a verdade deve prevalecer”, ponderou.
Fonte: Jornal de Brasília