O Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF) identificou pelo menos quatro variantes do novo coronavírus que circulam em Brasília. Apenas cepas brasileiras, como a de Manaus (AM), foram encontradas na capital.
De acordo com a Secretaria de Saúde, as variantes encontradas no DF foram sequenciadas por 87 amostras. São elas: P1, P2, B.1.1.28 e B.1.1.143.
Nesta terça-feira (9), o secretário Osnei Okumoto confirmou que pelo menos duas variantes já circulavam pela capital, mas não deu detalhes.
Agora, a pasta explica que a B.1.128 foi uma das primeiras cepas a circular na capital. A P2 teve, inicialmente, registros no Rio de Janeiro, no início da pandemia, mas já circula em outras unidades da federação.
Já a B.1.1.143 é uma linhagem identificada em diversos locais do Brasil, segundo a secretaria. A P1 é a variante encontrada, inicialmente, em Manaus. Essa cepa foi identificada na capital em pacientes que vieram do estado para tratamento em Brasília.
Porém, de acordo com a Secretaria de Saúde, no início desta semana, houve a identificação de três casos suspeitos de transmissão da P1 dentro do DF. Os casos estão sob investigação na Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep).
A eficácia das vacinas contra variantes do novo coronavírus ainda está em estudo. Alguns imunizantes tiveram a capacidade reduzida contra algumas mudanças do novo coronavírus, mas, de forma geral, foram capazes de induzir uma resposta do sistema de defesa do corpo contra elas.
O Lacen-DF é responsável por analisar as possíveis variantes que circulam na capital. Desde fevereiro, o laboratório faz o sequenciamento de genomas do vírus. “Em paralelo, semanalmente são encaminhadas também amostras ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, que é o laboratório de referência nacional para as análises do DF”, informou a pasta.
Variante britânica
A Secretaria de Saúde informou que o Lacen-DF encaminhou duas amostras à São Paulo que deram positivo para a variante B.1.1.7, do Reino Unido. Entretanto, os pacientes são moradores do Entorno.
De acordo com o Lacen-DF, o resultado dessas análises permite conhecer a rota de circulação do vírus. A partir disso, é possível saber onde é preciso intervir de maneira intensiva e implementar medidas de restrição.
A Secretaria de Saúde ainda realiza investigação epidemiológica nos casos suspeitos e confirmados para saber se as cepas já são transmitidas entre pacientes do DF. Esse monitoramento permite implementar ações que possam diminuir a transmissão dessas variantes.
Maior transmissibilidade
Em coletiva à imprensa, o secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, confirmou que variantes já circulavam pela capital. O titular da pasta afirmou que as cepas têm um índice de transmissibilidade maior e causam um período de internação mais longo.
Segundo Okumoto, o agravamento da pandemia nas últimas semanas é resultado do baixo isolamento e da chegada das novas linhagens do coronavírus.
“Nós vínhamos com um índice de isolamento de 31%. Muito baixo. E isso favorece para que haja transmissão de um vírus com essa potencialidade. Como já disse, nós vamos divulgar as variantes que foram encontradas aqui no Distrito Federal, e essas variantes têm alto índice de transmissibilidade e alta permanência de internação”, disse o chefe da pasta.
Vacinas funcionam contra as variantes?
Ainda não se sabe se as vacinas continuarão sendo eficazes contra as novas cepas. Na Europa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a aceleração da imunização, para que o vírus circule menos. Dessa forma, há menos chances dele passar por mutações.
Na segunda-feira (8), um artigo publicado na revista “The New England Journal of Medicine” informou que a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech conseguiu neutralizar três novas variantes do coronavírus – a britânica (B.1.1.7), a brasileira (P.1) e a sul-africana (B.1.351) – em testes de laboratório.
Outros estudos para combater as novas cepas também avançam. Em 24 de fevereiro, a empresa americana de biotecnologia Moderna anunciou que está pronta para os testes em humanos de uma nova vacina contra a Covid-19, desenvolvida especificamente para a variante detectada na África do Sul.
Em contrapartida, pesquisadores da universidade americana de Columbia analisaram a reação de variantes do coronavírus a vacinas e aos anticorpos de quem já teve a doença. Os especialistas chegaram à conclusão de que uma variante encontrada no Brasil é duas vezes mais resistente às vacinas do que a versão mais comum do vírus.