Para os amantes do cinema, vai um spoiler do filme “Rustin”. Prepare a pipoca!
Rustin é simplesmente incrível. Confesso que comecei a assistir o filme sem muito entusiasmo, mas a história prendeu a minha atenção. Dirigido por George C. Wolfe, o filme é uma verdadeira sinfonia cinematográfica. Wolfe, conhecido por sua maestria no teatro, traz para as telas uma experiência única, onde o ritmo das falas dos atores se mescla harmoniosamente com a essência do cinema, resultando em uma obra que é ao mesmo tempo musical e visualmente deslumbrante.
É nos momentos em que Wolfe brinca com a forma cinematográfica que Rustin atinge seu auge. Desde seu trabalho anterior em Lackawanna Blues, Wolfe demonstra um comprometimento excepcional com o ritmo, seja nas falas meticulosamente cronometradas dos atores ou na edição cuidadosa das cenas. Com a colaboração do talentoso montador Andrew Mondshein, Wolfe infunde uma qualidade verdadeiramente musical na narrativa, capturando com maestria a interseção complexa entre subjetividade e objetividade da câmera.
A musicalidade de Rustin é evidente em cada cena, elevando o filme além das limitações de uma cinebiografia convencional. Momentos como o corte brusco para um flashback em preto e branco, ou a intercalação de um sermão com uma noite de paixão, destacam a habilidade de Wolfe em explorar o poder expressivo do cinema. Seu domínio da narrativa é notável, harmonizando as emoções do roteiro com a performance física dos atores e a envolvente trilha sonora de Brandford Marsalis.
Apesar de sua excelência técnica e artística, Rustin é levemente prejudicado por um roteiro que não alcança todo o seu potencial. Embora o filme capture efetivamente a jornada pessoal do protagonista, por vezes se perde em didatismo e verborragia, diluindo sua mensagem poderosa em excessos desnecessários.
No entanto, mesmo com essas pequenas falhas, Rustin permanece como uma história profundamente envolvente sobre a conexão entre o indivíduo e o coletivo, um tema que ressoa poderosamente na sociedade atual. Wolfe faz um trabalho excepcional ao tentar elevar o filme a novos patamares, e apesar das limitações impostas pelo roteiro, Rustin continua sendo uma obra que eu recomendo entusiasticamente. Em uma escala de 0 a 10, eu daria a Rustin a nota 8,5.
Prepare a sua pipoca e depois me conte o que achou do filme!