DEBATE DA OAB-DF PROMOVE TROCA DE FARPAS E EXIBIÇÃO DE PROPOSTAS EM NOITE ACALORADA NA CLDF

*Por João Renato

Na noite de 8 de novembro, a advocacia do Distrito Federal teve a oportunidade de acompanhar de perto o debate entre os candidatos à presidência da OAB-DF. Organizado pelo deputado distrital Eduardo Pedrosa (União) na Câmara Legislativa do Distrito Federal, o evento reuniu todas as chapas, com a mediação do jornalista Walter Lima, da Voz do Brasil, que protagonizou um momento descontraído ao chamar o candidato Everardo de “presidente”, arrancando risos da plateia. Logo em seguida, ele se corrigiu, enfatizando sua imparcialidade ao dizer que não tem partido nem lado. O desembargador Roberval Belinati também participou como consultor. O debate teve como objetivo dar visibilidade às propostas dos candidatos e reforçar o compromisso da Ordem com a advocacia do DF e o Estado Democrático de Direito.

O auditório estava lotado, com torcidas fervorosas e cheias de energia. As mais destacadas eram as de Paulo Maurício (Poli), da Chapa 01 – OAB PARA TODOS, e Cleber Lopes, da Chapa 10 – A ORDEM COM MAIS VOZ, que não apenas rivalizavam em número, mas também em intensidade, com gritos e aplausos em disputa constante. A competição entre as duas torcidas gerava um clima de tensão no ambiente, com provocações e manifestações de ambos os lados. A torcida de Everardo Gueiros (Vevé), da Chapa 20 – CORAGEM PARA MUDAR, também se fez presente com força, acompanhada de manifestações que, por momentos, ecoaram em uníssono pelo auditório. Cristiane Damasceno, da Chapa 33 – INOVAR A ORDEM, e Karol Guimarães, da Chapa 99 – A OAB QUE EU PRECISO, tinham menos apoiadores, mas não deixaram de demonstrar seu entusiasmo e apoio, contribuindo para o clima vibrante do evento.

Clima Tenso Desde o Início

Poli, da Chapa 01, foi o primeiro a discursar e, inicialmente, pediu um “diálogo de alto nível”. No entanto, não demorou a levantar questionamentos sobre a independência de Cleber Lopes, da Chapa 10, apontando que o candidato estaria comprometido com o governador e mencionando que seu comitê funcionava em um imóvel cedido pelo governador Ibaneis Rocha. Cleber pediu direito de resposta, concedido pelo desembargador Belinati – que, aliás, foi generoso em autorizar quase todos os pedidos. Em sua resposta, Cleber não hesitou em devolver o ataque, chamando as acusações de Poli de “mentirosas” e ameaçando levá-lo aos tribunais, afirmando que “honra é coisa séria” e que não toleraria difamações.

A disputa entre Poli e Cleber tornou-se um verdadeiro duelo, com gritos de “puxadinho” ecoando na plateia, aludindo a uma suposta submissão da OAB ao GDF caso Cleber fosse eleito, e vaias, por parte da torcida de Cleber, quando Poli estava utilizando a palavra. Em resposta, Cleber criticou a atual gestão e sua “falta de liturgia”, lembrando que eventos da OAB incluíam apresentações de rap. “A advocacia jovem precisa recuperar o respeito à liturgia do cargo, e isso começa na cerimônia de entrega de carteiras, que virou uma bagunça, mais parece uma feira de Acari do que outra coisa. Esses dias fui a uma dessas solenidades, e pasmem, senhores, a atual gestão colocou para tocar um rap, o rap da Eliana”, disse Cleber. Poli defendeu a postura da Ordem, destacando o papel inclusivo e moderno da entidade.

Ataques de Todos os Lados

A candidata Cristiane Damasceno não hesitou em atacar Cleber Lopes, alegando que ele demonstrava atitudes misóginas e a gravara em uma reunião por ser mulher. Os ataques pessoais entre Cristiane e Cleber aumentaram o tom do debate, evidenciando uma antiga parceria rompida.

Já Everardo Gueiros, conhecido como Vevé, assumiu um tom conciliador, pedindo respeito aos presentes e, ao mesmo tempo, criticando a presença de advogados falecidos na lista de eleitores. De maneira irônica, citando a resposta da comissão eleitoral, insinuou que essa situação poderia abrir espaço para fraudes, afirmando que “esperava que os falecidos realmente não votassem”. Vevé também propôs isentar as anuidades para advogados idosos e a criação de um novo clube, possivelmente em Taguatinga. Além disso, aproveitou para questionar a transparência das contas da OAB e as funcionalidades do “botão do pânico”, que, segundo ele, “causa mais pânico do que ajuda”, arrancando risos e aplausos do público.

Karol Guimarães, por sua vez, foi enérgica e irônica em suas falas, criticando diretamente os candidatos Poli e Cleber, chamando-os de “laranjinha do Délio” e “picolé de chuchu”, respectivamente. Karol utilizou seu número de campanha, 99, para enfatizar que “99% da advocacia estava insatisfeita com a atual gestão”. Ela chamou atenção com suas tiradas provocativas e gestos cênicos, fazendo questão de evidenciar o desgaste da atual gestão e o que os demais faziam parte de grupos que já comandaram a OAB no passado, o que chamou de “panelinha” na OAB.

Segundo Tempo e Conclusão do Debate

Na segunda parte do debate, os candidatos puderam fazer perguntas entre si, o que acirrou ainda mais os ânimos. Cleber Lopes aproveitou para criticar o estacionamento “enlameado” da OAB no presídio feminino, destacando a necessidade de uma administração mais eficiente. Cristiane Damasceno prometeu melhorias na governança e redução de anuidades para mães de filhos atípicos e, em um ataque velado a Everardo, disse que a OAB não deve servir de “trampolim” para outros cargos.

Por fim, os candidatos usaram suas considerações finais para consolidar suas mensagens: Cleber defendeu a experiência de sua chapa para gerir a OAB, dando como certo que é a melhor opção. Poli apelou para a independência da advocacia e continuidade do trabalho; Everardo prometeu “coragem contra as pressões políticas, tanto do poder Executivo quanto do Poder Judiciário”; Cris defendeu o poder da mulher e da inclusão na gestão; e Karol, defendendo o fim das “panelinhas”, reafirmou seu compromisso com a verdade e a inclusão.

Vale citar que o presidente do PRD, Lucas Kontoyanis, que coordena a campanha de Karol, teve uma atuação intensa durante o debate. Sempre atento, fez várias intervenções, solicitando aos organizadores ajustes pontuais e expressando insatisfação com as propagandas dos candidatos que bloqueavam as câmeras da TV Distrital.

Conclusão: Vitória da Advocacia

O evento não teve um vencedor único, mas toda a advocacia do DF, que pôde conhecer mais a fundo cada candidato e suas propostas. A presença massiva e a intensa participação das torcidas trouxeram vitalidade ao debate, e o evento cumpriu seu papel de fomentar o engajamento da classe. Como bem afirmou o deputado Eduardo Pedrosa, a transparência foi garantida, e, ao final, quem ganha é a advocacia, que pôde avaliar de perto as ideias e o perfil dos candidatos que disputarão a liderança da OAB-DF.

João Renato B. Abreu, Policial Penal – DF, mestre em direito e políticas públicas, pós-graduado em direito penal e controle social, coordenador do NISP – Novas Ideias em Segurança Pública, faixa preta de jiu jitsu e autor do livro: Plea Bragaining?! Debate legislativo – Procedimento abreviado pelo acordo de culpa.

Redes Sociais: @joaorenato.br

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