*Por João Renato
O cenário político brasileiro tem se entrelaçado com dinâmicas globais em uma trama complexa de poder, tecnologia e ideologia. A posse de Donald Trump nos Estados Unidos, as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e as recentes mudanças estratégicas da Meta, comandada por Mark Zuckerberg, formam um triângulo de eventos cujos desdobramentos prometem impactos profundos na política internacional e na liberdade de expressão.
O Brasil está se alinhando ao lado errado da geopolítica global ao estreitar laços com Rússia, China, Hamas, Hezbollah e Venezuela. Enquanto o mundo dá sinais de um reposicionamento ideológico, guinando à direita, e de liderança, com a ascensão de Giorgia Meloni na Itália, Donald Trump nos Estados Unidos, e o sucesso de Javier Milei na Argentina, além do enfraquecimento de figuras como Justin Trudeau no Canadá, o Brasil insiste em seguir um caminho que privilegia autocracias, beligerância, intervenção estatal excessiva, privilégios para elites e censura. Trata-se da consolidação de blocos ideológicos, e o Brasil, infelizmente, se coloca no lado errado da história, por enquanto, o que pode acarretar consequências gravíssimas para as atuais e futuras gerações, desde isolamento econômico até restrições às liberdades individuais.
STF e o Ativismo Jurídico: Prisão de Generais e Além
Desde dezembro de 2024, o STF tem enfrentado críticas intensas, especialmente após a prisão do general Mário Fernandes, acusado de tramar um golpe. A defesa argumenta que as acusações se baseiam em fragmentos de mensagens, sem provas concretas que sustentem as alegações.
O advogado Marcus Vinícius Figueiredo, que por sinal é faixa preta de jiu jitsu, afirmou que não havia plano algum, mas sim uma análise de “efeitos colaterais” encontrada no HD do general. “Uma análise, não um roteiro.”, sustentou.
Essa postura do STF é vista como um exemplo de ativismo jurídico, utilizando o poder da Corte para reprimir vozes opositoras. A inclusão de nomes como Elon Musk em inquéritos sobre “milícias digitais”, por exemplo, reforça essa percepção de interferência ideológica, diante dos posicionamentos políticos assumidos por Musk.
Trump, Musk e o Risco de Crise Brasil-EUA
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, que acontecerá no dia 20 de janeiro de 2025, reacende a agenda conservadora no Ocidente e traz impactos para o Brasil. O convite de Trump a Jair Bolsonaro para sua cerimônia em Washington foi ofuscada pela possível negativa de Alexandre de Moraes em liberar o passaporte do ex-presidente. Essa decisão, caso se confirme, poderá ser vista como perseguição política, e poderá acarretar para uma escalada para uma crise diplomática entre o Brasil e os EUA.
Horácio Lessa Ramalho, cientista político com MBA pela FGV, acredita que o Brasil provavelmente enfrentará um novo desafio diplomático: uma pressão ainda maior do empresário Elon Musk, que desempenhou um papel relevante na eleição de Trump e é esperado que tenha influência significativa em seu governo.
A nomeação de Elon Musk como líder do Departamento de Eficiência no governo Trump exemplifica essa situação. Musk, que foi alvo do STF em 2024, agora ocupa uma posição estratégica nos EUA, contrastando de forma evidente com as investigações conduzidas contra ele no Brasil.
Zuckerberg, Jiu-Jitsu e a Revolução da Meta
Enquanto isso, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou uma reformulação nas políticas de moderação da Meta, prometendo maior liberdade de expressão e redução da censura ideológica em plataformas como Facebook e Instagram. Essa decisão, considerada uma vitória para líderes como Trump e Bolsonaro, parece ter raízes em uma transformação pessoal de Zuckerberg.
Seu envolvimento com o jiu-jitsu e eventos do UFC parece ter impulsionado uma mudança significativa em sua mentalidade, aproximando-o de figuras como Dana White e Elon Musk, com quem protagonizou uma rivalidade que transcendeu o campo empresarial, chegando até mesmo a se desafiarem para um confronto de MMA. Além disso, essa conexão fortaleceu seus laços com Donald Trump. No universo das artes marciais, o progressismo não encontra terreno fértil, e essa filosofia parece estar moldando o novo posicionamento da Meta, que detém redes sociais como Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp.
O ponto que vale chamar a atenção no seu pronunciamento foi a declaração da parceria estratégica com o governo de Donald Trump para enfrentar regulações globais que, segundo ele, limitam a liberdade de expressão. O empresário criticou tribunais latino-americanos, que chamou de “secretos”, acusando-os de censura, e afirmou que pretende resistir às legislações europeias que regulam atividades digitais. Além disso, prometeu mudanças nas plataformas da Meta, como a reintrodução de conteúdos políticos e a substituição das verificações de fatos por “notas de comunidade”, modelo inspirado no X, de Elon Musk.
STF Isolado no Cenário Global
As ações do STF, como a tentativa de controlar redes sociais e prender opositores, têm isolado o Brasil no cenário internacional. Caso Bolsonaro seja impedido de comparecer à posse de Trump, a reação dos EUA pode ser severa, incluindo sanções e até restrições pessoais aos ministros da Suprema Corte brasileira.
O lado bom disso tudo são que as mudanças na Meta e o alinhamento de Musk e Trump sinalizam uma guinada em favor da liberdade de expressão. Redes sociais reformuladas podem se tornar ferramentas ainda mais poderosas para mobilização de bases conservadoras, minando esforços de controle estatal.
O Brasil no Epicentro da Disputa Ideológica
Esse cruzamento de eventos coloca o Brasil no centro de uma disputa ideológica global. O STF, representando uma agenda mais progressista e autoritária, encontra oposição em um eixo conservador liderado por Trump, Musk e Zuckerberg.
A reação ao anúncio da Meta já expôs fissuras: jornalistas lamentaram o enfraquecimento das “agências de verificação de fatos” e políticos se mobilizam para conter o impacto dessas mudanças. No entanto, o poder estatal de controlar a narrativa, que antes era absoluto, enfrenta uma nova era de desafios. Na qual, buscará o equilíbrio entre liberdade de expressão, inovação tecnológica e governança. As respostas a essas questões moldarão não apenas o Brasil, mas o contexto global nos próximos anos.
Reflexão: O Pêndulo da História
Enquanto essas mudanças refletem uma reação global contra autocracias e intervenção estatal excessiva, o Brasil insiste em caminhar na direção oposta, alinhando-se com o que há de pior em termos de censura, privilégios para elites e beligerância. Essa escolha não apenas posiciona o Brasil no lado errado da história, mas pode ter consequências gravíssimas. Assim como a Alemanha carrega o peso do nazismo e os EUA o fardo da escravidão, o Brasil corre o risco de cometer atrocidades ainda mais graves, ser arrastado para uma terceira guerra mundial, lutar ao lado errado e sofrer sanções globais devastadoras. Mais do que isolamento econômico, estamos falando de possíveis ataques diretos e da destruição da segurança nacional, comprometendo o futuro de gerações e levando ao país um legado de vergonha, guerra e ruína.
Estamos diante de uma possível mudança no pêndulo político global, mas seu alcance real ainda é incerto. O que resta é continuar lutando por liberdade, virtude e pela construção de uma sociedade menos suscetível ao controle autoritário, seja de tribunais, governos ou outras entidades.
Que essa disputa sirva como realinhamento da rota, reforçando os valores de liberdade e equilíbrio em meio às incertezas do presente.
* João Renato B. Abreu, Policial Penal – DF, mestre em direito e políticas públicas, pós-graduado em direito penal e controle social, coordenador do NISP – Novas Ideias em Segurança Pública, faixa preta de jiu jitsu e autor do livro: Plea Bragaining?! Debate legislativo – Procedimento abreviado pelo acordo de culpa.
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