A proximidade da sabatina do indicado para liderar o Instituto de Gestão Estratégica da Saúde (Iges) gerou um clima de insatisfação entre os deputados distritais. Responsável por gerenciar diversas unidades de saúde pública em Brasília, a instituição foi alvo de críticas durante a sessão ordinária da Câmara Legislativa nesta quinta-feira (13). A deputada Dayse Amarilio (PSB), que possui formação em enfermagem, destacou a necessidade de maior rigor na arguição de Cleber Monteiro Fernandes, atual diretor-presidente interino e nomeado para assumir definitivamente o cargo. A avaliação ocorrerá na próxima segunda-feira (17), às 10h, na Comissão de Saúde.
Uma das principais preocupações levantadas por Amarilio diz respeito à ausência de um contrato de gestão válido. Segundo a parlamentar, a falta de atualização do documento coloca o funcionamento do Iges em situação irregular. “O contrato de gestão não existe. Como vamos votar se, na verdade, o Iges hoje funciona na ilegalidade? Há uma lei federal que determina a revisão e repactuação desse contrato a cada cinco anos, mas já acumulamos mais de 51 aditivos sem nenhum contrato vigente”, denunciou.
Cleber Fernandes, que anteriormente ocupava a vice-presidência do Instituto, assumiu o comando interino após a saída de Juracy Cavalcante Lacerda Júnior, agora à frente da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Apesar de reconhecer a experiência do indicado na área de segurança pública e gestão, Amarilio questionou a interferência política na administração da saúde. “Não quero desmerecer a capacidade de gestão dele, que tem um currículo sólido e um bom histórico na segurança. Mas um dos maiores desafios da SES no Distrito Federal é justamente a dificuldade de estabelecer protocolos eficientes nas regiões administrativas, problema que se agrava pela influência política na gestão”, avaliou.
O posicionamento da deputada recebeu apoio de Paula Belmonte (Cidadania), que chamou atenção para a disparidade nos investimentos entre a Secretaria de Saúde e o Iges. “A SES, com sua enorme estrutura, conta com R$ 700 mil para investimentos, enquanto o Iges, que administra um número menor de hospitais, dispõe de quase R$ 3 milhões. Essa diferença é desproporcional e precisa ser analisada com atenção. A sociedade deve acompanhar de perto essa questão”, alertou a parlamentar.
A expectativa é de que a sabatina de Cleber Monteiro Fernandes esclareça os questionamentos e traga mais transparência sobre a gestão do Iges, uma peça fundamental para o funcionamento da saúde pública do Distrito Federal.