A farra dos jatinhos

Enquanto o Brasil enfrenta uma inflação galopante e a economia luta para retomar o controle, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece encontrar consolo em um luxo distante da realidade de grande parte da população: o uso contínuo dos jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB). De acordo com dados mais recentes, Haddad lidera a lista de autoridades que mais se utilizaram da frota especial de aviões militares do país neste ano, com 31 voos registrados apenas nos primeiros 70 dias de 2025.

A frota de jatinhos do Grupo de Transporte Especial da FAB é um privilégio restrito a algumas das mais altas autoridades do país, incluindo ministros de Estado, presidentes de Poder e comandantes das Forças Armadas. Embora o uso dessas aeronaves seja justificado por questões de trabalho e segurança, a frequência de seus voos tem gerado polêmica, especialmente em tempos de crise econômica.

Com 31 voos até a última quinta-feira (13), Fernando Haddad é, disparado, a autoridade que mais recorreu aos jatinhos da FAB em 2025. A lista continua com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), que já fez 19 voos em 2025, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, com 17. Este número expressivo de viagens de Haddad, no entanto, é quase o dobro de sua posição no topo do ranking. A comparação com outros ministros e autoridades levanta questionamentos sobre o custo e a necessidade desse uso contínuo das aeronaves militares, especialmente em um momento onde o país busca equilibrar suas finanças e enfrentar a alta inflação.

É interessante notar que, em um governo voltado para a redução das desigualdades e da austeridade fiscal, um total de 43 autoridades têm direito de requisitar os jatinhos da FAB, mas apenas 11 dessas autoridades se abstiveram de utilizar o serviço até o momento. Isso levanta um debate sobre a percepção pública dessas mordomias e a imagem que o governo transmite ao povo, especialmente quando a classe média e as populações mais vulneráveis sofrem com o aumento constante de preços e dificuldades econômicas.

Embora as viagens aéreas de autoridades sejam justificadas em nome da eficiência e segurança no exercício das funções públicas, o uso constante desses jatinhos pode ser visto como um símbolo de desconexão com a realidade da grande maioria dos brasileiros, que enfrentam desafios diários para arcar com o custo de vida.

Neste cenário de crise econômica, a opulência no uso de jatinhos se tornou um tema controverso, com críticos apontando a disparidade entre o comportamento das autoridades e a situação de milhões de cidadãos. Para muitos, enquanto o país atravessa um período de dificuldades fiscais e crescentes desafios econômicos, o luxo de alguns poucos é difícil de justificar.

Com Haddad na liderança dos voos, a questão do uso dos jatinhos da FAB provavelmente continuará sendo um dos principais pontos de debate, não apenas entre a classe política, mas também entre os brasileiros que lutam para sobreviver em tempos de inflação alta e um poder aquisitivo cada vez mais baixo. O que se espera, para o futuro, é que essa prática seja reavaliada em um contexto mais amplo, levando em conta a percepção da sociedade e a necessidade de austeridade e responsabilidade fiscal. Assim, a mordomia dos jatinhos da FAB continua a ser um luxo que muitos desejam, mas poucos podem bancar. E para o ministro Fernando Haddad, é apenas mais um voo em sua jornada no comando da Fazenda brasileira.

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