Recusa de ministério expõe racha

A surpreendente recusa do deputado Pedro Lucas Fernandes (União-AM) em assumir o Ministério das Comunicações deixou o presidente Lula em saia justa — e enviou um recado direto ao senador Davi Alcolumbre (União-AP), que se movimenta nos bastidores como “dono” informal da pasta. A escolha de Pedro Lucas, costurada com o aval de Alcolumbre e do presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, não agradou aos deputados da legenda e acendeu ainda mais a tensão dentro do partido.

Na Câmara, o gesto foi interpretado como uma articulação coordenada entre duas frentes desconfortáveis com o protagonismo de Alcolumbre: bolsonaristas e aliados do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que ensaia candidatura à Presidência em 2026. O objetivo: enfraquecer a influência do presidente do Senado, acusado de monopolizar espaços e favores no governo.

Alcolumbre, que já trava sabatinas no Senado e acumula pendências para nomeações em cerca de 20 cargos estratégicos em agências reguladoras, é visto como alguém que tenta ampliar seu poder na base aliada. Para muitos, ele busca se cacifar junto ao Planalto como peça-chave para segurar projetos incômodos, como o da anistia eleitoral, em discussão no Congresso.

A movimentação, no entanto, tem incomodado a bancada do União Brasil na Câmara, que se sentiu ignorada na indicação de Pedro Lucas. Deputados reclamam da falta de consulta e enxergam no episódio mais uma tentativa de Alcolumbre de concentrar decisões e ampliar sua influência — algo que, ao que parece, começa a encontrar resistência dentro do próprio partido.

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