Se Jair Bolsonaro for preso, tanto a oposição quanto o bolsonarismo podem sair mais fortalecidos do que enfraquecidos. Essa é a avaliação do advogado e analista político Melillo Dinis do Nascimento, em conversa com a jornalista Ana Maria Campos. Para ele, a possível prisão poderia consolidar a imagem de Bolsonaro como um “mártir” da direita, aumentando ainda mais a fidelidade de seus apoiadores. “No Brasil, o fato de uma liderança ter problemas na Justiça, mesmo em caso de prisão, quase nunca impede que seus adeptos mantenham o compromisso e a dedicação em reelegê-la”, afirmou.
Melillo também acredita que, ao contrário de 2022, Lula entra em 2026 como um candidato mais vulnerável. O analista avalia que o presidente, já em seu terceiro mandato, enfrentará um cenário eleitoral muito difícil, marcado pelo desgaste natural do cargo, falta de palanques estaduais fortes, crise de confiança e crescimento do número de eleitores rejeitando seu nome. Para ele, a oposição deve apresentar uma chapa competitiva, possivelmente com algum integrante da família Bolsonaro na composição, o que promete uma disputa acirrada.
Sobre a atual baixa popularidade de Lula, Melillo pondera que pesquisas são apenas retratos momentâneos e podem mudar até as eleições. No entanto, ele aponta falhas no governo, como a desorganização interna, a falta de identidade nas propostas e a dificuldade de articulação em meio a uma frente política ampla demais. “O governo quase toda semana dá um tiro no pé”, comentou. Apesar dos problemas, Melillo ressalta que Lula ainda conta com uma base eleitoral sólida e uma habilidade política única, fatores que o mantêm competitivo em qualquer cenário.
