Com a reforma ministerial ampla praticamente descartada pelo Planalto, a bancada do PSD na Câmara perdeu as esperanças de conquistar um ministério mais relevante. O partido continuará com o Ministério da Pesca, hoje sob o comando do pernambucano André de Paula, uma pasta considerada de pouco prestígio político e orçamento limitado.
Nos bastidores, a saída da ministra Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres já era dada como certa — e vista como uma peça no xadrez da acomodação partidária. No entanto, o movimento acabou servindo mais para proteger a ex-ministra do que para atender às demandas políticas dos aliados.
A vaga, ao contrário do esperado, não foi entregue ao PSD, mas sim reservada para a presidente do PCdoB, Luciana Santos, atual ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, que deve ser deslocada da pasta. A manobra evita o desgaste de uma demissão direta e cumpre acordos internos com partidos da base.
A substituição de Cida também tem como pano de fundo as denúncias de assédio moral e até racismo feitas contra ela por servidores do próprio ministério. A mudança de cargo, avaliam interlocutores no Congresso, pode funcionar como uma blindagem política, poupando o governo de lidar com os desdobramentos públicos das acusações.
A decisão gerou insatisfação entre parlamentares do PSD, que esperavam um gesto mais significativo do governo, sobretudo após meses de espera por uma recomposição ministerial prometida, mas nunca efetivada.