A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de restringir a cobertura jornalística das audiências do caso que envolve Jair Bolsonaro é, no mínimo, preocupante. Mais que isso: é inaceitável. Em um país que se diz democrático, impedir gravações, imagens e registros das oitivas de um processo de interesse público é uma afronta direta à liberdade de imprensa e ao direito do cidadão de ser informado.
Como jornalista, considero essa medida absurda e perigosa. Quando o Judiciário começa a limitar o acesso da imprensa sob a justificativa de proteger depoimentos, o que está realmente sendo protegido? Quem tem medo da transparência?
É evidente que preservar o devido processo legal é importante. Mas isso não pode ser feito à custa do sigilo, da escuridão e do silêncio imposto à sociedade. Ainda mais quando os depoentes são, em sua maioria, figuras públicas, que devem prestar contas à população.
Não é exagero dizer que essa decisão caminha na direção de uma censura moderna — elegante, técnica, mas igualmente autoritária. Quando se retira da imprensa a possibilidade de acompanhar, registrar e questionar, está se atacando diretamente o papel fiscalizador do jornalismo.
E quando isso acontece, quem perde é a democracia.
A verdade não pode ser escondida atrás de cortinas jurídicas. O povo tem o direito de ver, ouvir e formar sua própria opinião. Qualquer tentativa de impedir isso é, sim, uma forma de ditadura, ainda que venha vestida de toga.