A armadilha do Tigrinho: quando enriquecer nas redes custa a dignidade dos outros

O vício das apostas online chegou como entretenimento, mas já virou um problema social. Disfarçadas de jogos inofensivos ou de “renda extra” rápida, as chamadas bets, com destaque para os caça-níqueis virtuais como o famoso “jogo do tigrinho”, estão sugando o tempo, o dinheiro e a esperança de milhares de brasileiros, especialmente os mais jovens e vulneráveis.

O cenário é ainda mais perverso quando olhamos para quem está lucrando com essa febre: influenciadores. Gente com milhões de seguidores, muitos deles adolescentes, transformando uma prática de alto risco em estilo de vida glamouroso. Com vídeos que romantizam a adrenalina da aposta, esses criadores de conteúdo vendem a ilusão de que qualquer um pode “ficar rico com um clique”, sem mencionar as perdas constantes que fazem parte do jogo.

É preciso dizer com todas as letras: isso não é entretenimento, é exploração emocional e financeira. As bets funcionam com algoritmos programados para fazer o jogador perder. O lucro das plataformas e dos influenciadores vem da insistência de quem acredita que na próxima rodada a sorte vai virar. Mas, na maioria das vezes, o que vira é o orçamento da família, a saúde mental e a dignidade de quem apostou mais do que podia.

A banalização das apostas como um estilo de vida é um retrato da irresponsabilidade digital que se espalha pelas redes. O que falta é regulação firme, fiscalização real e, acima de tudo, consciência coletiva. Influenciar deve ser um ato de responsabilidade. E se enriquecer com a miséria alheia virou estratégia, algo está  profundamente errado com os nossos ídolos.

Não se engane: o tigrinho não está jogando com você. Está jogando contra.

 

 

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