Com o recesso legislativo previsto para começar em 18 de julho, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entra na reta final para tentar destravar pautas prioritárias no Congresso Nacional. Restam pouco mais de duas semanas úteis para avançar em matérias importantes, mas a perspectiva não é das mais otimistas.
A próxima semana tende a ser de baixa produtividade no Legislativo, em razão das tradicionais festas juninas, evento de grande apelo político, sobretudo entre parlamentares do Nordeste, onde a presença é praticamente obrigatória.
Desde o início da atual legislatura, o Palácio do Planalto buscou estreitar relações com os novos presidentes das duas casas legislativas: o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), na Câmara, e o senador Davi Alcolumbre (União-AP), no Senado. No entanto, mesmo com encontros frequentes no Palácio da Alvorada e gestos de aproximação, como viagens e concessões, o saldo político tem sido limitado.
O Congresso tem se mostrado resistente a parte considerável da agenda proposta pelo Executivo. Em contrapartida, cresce a pressão por liberação de emendas parlamentares, um sinal de que a relação continua baseada mais na troca de favores do que em alinhamento político ou programático.
A recente troca no comando da Secretaria de Relações Institucionais, vista como uma tentativa de recalibrar a articulação com o Congresso, tampouco surtiu o efeito desejado. As votações da última semana, marcadas por derrotas expressivas do governo, indicam que a base aliada ainda carece de coordenação e coesão.
O cenário impõe um desafio imediato ao Planalto: melhorar sua articulação política e recompor apoio no Parlamento para evitar o esvaziamento de sua agenda legislativa no segundo semestre.