O exemplo do Rio Grande do Sul: como a união entre Estado e sociedade civil está mudando a segurança pública.

Por João Renato

Enquanto a maioria dos brasileiros sente que a criminalidade está aumentando, o Rio Grande do Sul caminha na contramão. Os números comprovam: entre 2015 e 2024, o estado gaúcho registrou uma das maiores quedas de violência do país. Os homicídios dolosos caíram mais de 50%, os latrocínios foram reduzidos drasticamente e os roubos a veículos e pedestres despencaram.

Mas o que explica esse avanço?

A resposta vai além da atuação estatal. Um dos pilares dessa transformação tem sido o envolvimento estruturado da sociedade civil. E entre os protagonistas dessa mudança, um nome se destaca: o Instituto Cultural Floresta (ICF).

Criado em 2016 por empresários e cidadãos inconformados com a escalada da violência, o ICF se tornou um verdadeiro divisor de águas. De um lado, atua de forma concreta, doando equipamentos, viaturas, armamentos e tecnologias para as forças policiais. De outro, promove mudanças sistêmicas — como a articulação da Lei de Incentivo à Segurança Pública (PISEG/RS), que permite a empresas direcionarem parte do ICMS para projetos da área.

Mas talvez o impacto mais profundo do trabalho do Instituto Cultural Floresta não esteja nos números nem nos equipamentos, e sim nas pessoas.

O ICF devolveu autoestima aos profissionais da segurança pública. Policiais que antes se sentiam isolados e desvalorizados passaram a perceber o reconhecimento da sociedade e do Estado. O ambiente de trabalho melhorou, a moral da tropa se elevou e a percepção pública da polícia também evoluiu. O Instituto não apenas apoiou operacionalmente as forças de segurança — ele ajudou a reconstruir a dignidade de quem arrisca a vida todos os dias para proteger a sociedade.

Esse movimento mostra que é possível vencer a violência quando o poder público e a sociedade civil atuam lado a lado, com metas claras, profissionalismo e compromisso com o bem comum.

O Rio Grande do Sul prova que segurança pública eficaz não é apenas uma questão de mais polícia nas ruas. É uma questão de gestão, de cultura, de cidadania e de reconhecimento. E quando isso acontece, todos ganham.

João Renato B. Abreu, Policial Penal – DF, mestre em direito e políticas públicas, pós-graduado em direito penal e controle social, coordenador do NISP – Novas Ideias em Segurança Pública, membro do Movimento Policiais Livres e do Movimento Desperte, faixa preta de jiu jitsu e autor do livro: Plea Bargaining?! Debate legislativo – Procedimento abreviado pelo acordo de culpa.

João Renato em frente ao STF

Autor

Horas
Minutos
Segundos
Estamos ao vivo