O Espelho, o Milharal e o Passarinho Fofoqueiro”

 

Era uma vez, no Reino Quadradinho, um rei conhecido como O Sorridente, dono de um milharal imenso bem no coração da cidade. Ele adorava repetir para todos:

— “Meus milhos são os mais dourados do país. Aqui tudo cresce bonito!”

No castelo morava também a Princesa Relâmpago, veloz nas palavras e sonhando em sentar no trono, e o Bobo Linguarudo, que não perdia uma chance de fazer piada da corte.

Certo dia, o misterioso feiticeiro chamado Fantasma do Corredor colocou um espelho gigante bem no meio da praça. Era um espelho mágico, e quem olhasse nele via a verdade estampada no próprio rosto.

O primeiro a olhar foi O Sorridente: viu suas mãos cheias de farelos e tentou disfarçar.

Depois veio a Princesa Relâmpago, que ficou furiosa ao ver corvos bicando suas espigas, e prometeu jogar raios e trovões.

Já o Bobo Linguarudo olhou, gargalhou e correu pela praça gritando:

— “Tá cheio de político plantando milho e colhendo pipoca queimada!”

Empoleirado bem no topo do trono, estava o esperto Corvo da Madrugada, sempre de terno e sorriso, mas que nas noites devorava as espigas sem que ninguém visse.

Quando chegou o dia da colheita, o povo encontrou o milharal murcho, as espigas secas e só palha sobrando. O povo se revoltou.

O rei cobriu o espelho com pano.

A princesa prometeu “dar um jeito”.

O corvo se fingiu de pomba.

E o povo… ficou com fome.

Foi então que o Passarinho Fofoqueiro, azulzinho e ligeiro, pousou na cerca, sacou o celular e tuitou:

— “Um passarinho me contou: tem rei pelado, princesa armada, corvo empanturrado e povo enganado.”

No outro dia ninguém falava de outra coisa: Quem será o Sorridente? Quem é a Relâmpago? Quem é o Linguarudo? Quem é o Corvo?

Moral da história:

No milharal da política, quem não olha no espelho acaba virando piada do passarinho.

E cuidado: às vezes o maior corvo é o que mais parece inofensivo.

 

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