Michele Bolsonaro, Celina Leão e o novo tabuleiro político do DF

 

A dama do jogo se moveu

A política do Distrito Federal entrou numa nova fase. Não é exagero dizer que virou um tabuleiro de xadrez em campeonato russo: muitos lances, silêncio estratégico e um jogo de paciência onde nem sempre o melhor vence — mas sim o mais calculista.

Nos últimos dias, repercutiu fortemente a foto de Michele Bolsonaro ao lado da vice-governadora Celina Leão, apelidada nas redes por apoiadores como “Serena Leon”. A imagem por si só já chamaria atenção, mas foi o texto que Michele escreveu que deu o verdadeiro xeque na narrativa: “minha governadora”.

Com isso, Michele — a principal figura da direita em Brasília — sela publicamente uma aliança com Celina, o que também pode ser lido como um aceno ao governador Ibaneis Rocha. É o tipo de jogada que vale mais que muitas reuniões nos bastidores.

Michele candidata e Celina respaldada

Outro fator incontestável: Michele Bolsonaro transferiu seu título para o DF. Isso praticamente crava sua candidatura ao Senado em 2026. E com essa decisão, ela não apenas fortalece seu nome na capital, como fortalece os aliados que escolher caminhar ao lado dela. Celina, por enquanto, é uma dessas.

Mas, como todo jogo de xadrez, é preciso cuidar bem da retaguarda.

O Judiciário no centro do tabuleiro

Se há algo que a política do DF aprendeu nos últimos anos, é que não se governa sem interlocução com o Judiciário, especialmente com figuras como Alexandre de Moraes, hoje o nome mais poderoso da República, goste-se ou não.

Celina, que já conta com apoio de setores bolsonaristas, sabe que precisa construir pontes também com o centro-direita e com o sistema de Justiça — e é aí que entra Gustavo Rocha. Discreto, técnico e cada vez mais político, ele é visto como o “escudo jurídico” de qualquer projeto político sério no DF. Não é coincidência que seja cotado para vice em uma eventual candidatura de Celina ao Buriti.

Parábola do time que subiu de divisão

Para entender a fase de Celina, cabe uma parábola:

Imagine um time que saiu da segunda divisão e quer disputar a elite do futebol. Os jogadores que ajudaram no acesso são importantes, fiéis e têm história. Mas para ganhar o campeonato de cima, é preciso reforços — contratar craques, um técnico mais experiente e mudar a comissão. Política é igual. Lealdade é fundamental, mas competitividade é inegociável.

Celina está nesse momento. Tem apoio, tem força, mas precisa aumentar o nível do time, sob risco de não aguentar o tranco de uma eleição majoritária em 2026.

A guerra das bolhas

A foto com Michele teve reações previsíveis. A esquerda criticou, claro. Mas Celina sabe o público que quer atingir. Brasília, vale lembrar, tem maioria de direita, especialmente em regiões como Águas Claras, Lago Sul, Vicente Pires e Taguatinga.

Porém, não se pode ignorar a força da esquerda nas regiões centrais e mais politizadas: basta lembrar que na Asa Norte, Lula teve praticamente 100% dos votos. E por mais dividida que esteja hoje, a esquerda sempre se une no segundo turno.

Moral da história

O xadrez está montado. Michele já movimentou sua peça. Celina tem bons aliados no tabuleiro. Mas o jogo, até aqui, ainda não acabou. E como se sabe: no xadrez da política, quem só olha o próximo lance, acaba perdendo o xeque-mate lá na frente.

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