O incômodo no Planalto
Nos bastidores do Palácio do Planalto, a temperatura subiu. Ricardo Capelli (PSB), presidente da ABDI e pré-candidato ao Governo do Distrito Federal, deixou de ser visto como alternativa e passou a ser percebido como um foco de desgaste.
As recentes denúncias sobre o uso de uma “estrutura paralela” dentro da própria ABDI para impulsionar sua pré-campanha repercutiram diretamente na mesa de Lula — que, segundo interlocutores, demonstrou forte incômodo com as atitudes do aliado.
Um projeto que não decola
A avaliação interna é clara: Capelli é tratado como um “estrangeiro” no DF. Não cria raízes políticas, não cresce nas pesquisas e, ao invés de unir o campo progressista, acaba se isolando. Para o Planalto, que deseja montar uma frente ampla de esquerda no Distrito Federal, a falta de conexão do pré-candidato com o eleitor local se tornou um problema sério.
O escândalo da estrutura paralela
A situação piorou quando explodiu a denúncia de que um suposto “bunker digital” funcionava dentro do Edifício Ariston, ligado a um gerente da ABDI. De acordo com relatos, o grupo teria à disposição celulares, notebooks e metas diárias para simular engajamento nas redes — comentários, curtidas, mensagens e até ligações.
O caso ganhou repercussão nacional e jogou Capelli em um noticiário nada favorável, ampliando a sensação de desgaste.
Falando dos outros e esquecendo da própria cozinha
Enquanto tenta empunhar bandeiras e apontar escândalos alheios, Capelli esquece da própria cozinha. A interpretação nos bastidores é que ele criou um problema político para o governo num momento em que Lula quer — e precisa — de estabilidade.
A ordem no Planalto é evitar ruído, mas Capelli, sem lastro no DF e agora cercado por denúncias, virou motivo de barulho desnecessário.
Isolamento crescente
A percepção entre aliados é que Capelli tenta construir um protagonismo artificial. Sem base eleitoral, sem expressão nas pesquisas e agora com desgaste nacional, tornou-se um elemento isolado dentro do próprio campo que deveria liderar.
No momento em que o Planalto tenta costurar unidade, Capelli rema sozinho — e cada vez mais na direção contrária.