*Por Dona Borges
A pergunta tem uma resposta óbvia. Seria até estupidez discursar ou argumentar em torno disso. Onde eu quero chegar? Aqui: por que mulheres precisam de uma arma de fogo? Não. Antes que você comece a matutar na sua cabecinha sobre legislação, sobre política de morte e relembrar casos tristes de pessoas armadas, quero dizer que vim falar sobre defesa – da mulher, óbvio.
A realidade
Um homem sempre soube como se defender, o que fazer, como se portar. Tanto que a discussão sobre o estatuto do armamento, legalização de armas no Brasil, entre outros aspectos é genuinamente masculina – o que nós também devemos mudar.
Violência contra a mulher é um fato, acho que todos concordamos. Quem discorda escolheu a burrice e a cegueira social. Violência doméstica cresceu durante a pandemia por parte de companheiro, filhos, irmãos e até mães. O perigo escolhe a mulher. Mas nós não podemos nos dar o luxo de escolher estar indefesas.
Os Números
Na rua, segundo uma pesquisa feita em junho de 2021 (salvo engano), 37,9% de importuno à mulher é de contato físico não consentido. Eu não quero ninguém que eu não autorizo me tocando, você quer? Eu vou estar armada para a minha proteção. Seja com canivete, arma de choque, spray de pimenta, luta ou uma arma de fogo. E vem a famosa e fatídica frase: você vai combater violência com violência? Sim! Sendo um combate, não posso jogar flores e todo o meu intelecto encima do meu oponente. Vou entrar para ganhar.
As Dificuldades e a Violência
Sem contar aqueles que falam “mas mulher também mente sobre denúncias ou quando sofre violência de verdade não faz a denúncia”. A mentira sempre vai existir, assim como a violência. São atributos do nosso ser humano. Uma mulher que sofre com a violência doméstica, sendo dependente financeira do seu cônjuge, ela transforma a violência em uma questão secundária, porque o mais importante é dar o melhor aos filhos (se for o caso) e comer, tornando-se mais tolerante. “Mais existe apoio para essa mulher”, dizem. Não, não o suficiente.
As Delegacias estão abarrotadas, em defasagem, muitas vezes desacreditam as vítimas, os centros de apoio estão cheios e as mulheres brasileiras estão por aí, precisando de ajuda e à mercê de um Estado falho.
As Políticas Públicas Falhas
Todos concordamos que a temática é um desafio político e emocional, tirar o foco a não denúncia e dar importância à existência e qualidade dos espaços de denúncia e proteção posterior das vítimas. Seria um mundo lindo e ideal da Barbie, que o Estado tivesse a responsabilidade pelo enfrentamento da violência contra mulheres, sem deixar a cargo total das vítimas se virarem com seus agressores.
Alguns argumentam que flexibilizar o uso e lei de armas deixa as mulheres mais angustiadas e com certeza tem que deixar. Mas… elas também devem e podem se armar. Inclusive, mulheres que passaram por violência doméstica ou com medida protetiva tem processo mais rápido na hora de adquirir uma arma.
Nosso Cantinho
Nós precisamos ter todas as maneiras possíveis de nos defender. Não vou esperar alguém fazer por mim. Não vou esperar sentada os belos projetos de Segurança Pública agirem. Quem for me assaltar na rua, muitas vezes tem melhores e mais armas que a própria Polícia Militar. Eu vou fazer o que? Falar que ele é uma vítima do sistema?
É fácil defender que o problema está na raiz do Brasil, e de fato está. Não discordo que a educação transforma o mundo. Transformou o meu e o de milhares de pessoas ao meu redor que eu poderia listar aqui enchendo o Portal Rádio Corredor.
Mas, infelizmente, não será agora que isso mudará. Não vai ser agora que o Brasil será um país de primeiro mundo. Não será agora que haverá uma educação positiva e não machista para meninos de 5 a 13 anos. E eu não posso esperar. A violência contra mim pode ser agora, assim como 8 brasileiras neste exato minuto estão sendo violentadas.
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*Julia Borges, a Dona Borges, é Jornalista, especializada em Defesa Pessoal Feminina.