A alta forte da Selic deverá retardar o processo de recuperação e capitalização dos produtores rurais, apesar dos sinais positivos para a safra 2024/25. Além disso, o clima, as decisões de Donald Trump e a eventual volatilidade maior do câmbio também podem nublar expectativas mais otimistas para o agronegócio neste ano.
O crédito rural está caro e deve continuar assim por algum tempo. A Selic, hoje em 13,25% ao ano, deve subir até a casa de 15%. No crédito rural, os juros livres estavam, em média, em 14,3% em novembro de 2024, acima dos 12,8% no mesmo mês de 2023, segundo números do Banco Central. Somados aos spreads médios dos bancos, algumas linhas já chegam na ponta perto de 19% a 20% ao ano. O passivo, formado na “euforia” de 2022 e agravado pela queda das commodities e as perdas com a seca em 2023 e 2024, gerou aumento na prorrogação de operações bancárias e uma enxurrada de recuperações judiciais.
Produtores gaúchos, afetados por sucessivos problemas climáticos, querem securitização de dívidas de até R$ 60 bilhões. Neste verão, seca e calor já impactam as lavouras de soja. Outra preocupação é que eventuais medidas do governo Trump podem tornar o câmbio mais volátil, o que pode elevar os custos de produção no campo.