Personagem central na investigação da Polícia Federal sobre desvios milionários envolvendo aposentados do INSS, o empresário Maurício Camisotti volta aos holofotes, agora por suas conexões políticas. Apontado como sócio oculto da Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) — entidade que teve um crescimento astronômico de 20.000.000% em seu número de “filiados” e movimentou mais de R$ 100 milhões —, Camisotti aparece como doador de campanhas eleitorais de nomes conhecidos da política nacional.
Em 2014, Camisotti doou R$ 25 mil à campanha do ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB). O empresário também financiou candidatos do PSDB, incluindo Cinthia Ribeiro, ex-prefeita de Palmas (TO) e atual presidente nacional do PSDB Mulher, que recebeu R$ 100 mil em 2020.
A trajetória de Camisotti não é novidade para os investigadores. Seu nome já havia sido mencionado durante os trabalhos da CPI da Covid, e agora retorna ao centro das atenções com o avanço das investigações sobre possíveis fraudes em empréstimos consignados feitos em nome de aposentados, muitos sem conhecimento ou autorização.
O envolvimento de empresários com forte atuação financeira em campanhas eleitorais sempre desperta questionamentos, especialmente quando tais figuras passam a ser alvo de operações da Polícia Federal. Embora nem Rollemberg nem Cinthia exerçam cargos atualmente, seus vínculos com Camisotti, ainda que formais e dentro da legalidade das doações, reacendem o debate sobre a influência do dinheiro privado e a necessidade de maior transparência no financiamento político.
Enquanto isso, parte da bancada do PSB, contrariando orientações do governo federal, apoia a criação de uma CPMI para investigar o escândalo. O caso segue movimentando bastidores políticos e ampliando a pressão sobre figuras que, direta ou indiretamente, cruzaram caminhos com os protagonistas da nova crise.
