Partido enfrenta debandada de parlamentares mesmo com tentativa de fortalecimento eleitoral; fusão ainda depende do TSE e não garante fidelidade da base
Em meio a uma tentativa de reorganização e fortalecimento político para as eleições de 2026, o PSDB aposta na fusão com o Podemos como estratégia para recuperar protagonismo no cenário nacional. No entanto, o movimento não tem sido suficiente para conter uma debandada iminente entre seus quadros, especialmente no estado de São Paulo, tradicional reduto tucano.
Sem dar nomes aos bois, fontes afirmam que parlamentares da legenda já articulam a saída do partido, impulsionados por descontentamentos com a direção atual e por mudanças recentes nas regras eleitorais que permitem a troca de sigla sem risco de perda de mandato em casos de fusão. A janela partidária aberta por esse processo deve acelerar os desligamentos.
Apesar dos esforços da cúpula tucana para apresentar a fusão como sinal de renovação e ampliação do espaço político, a operação ainda enfrenta forte resistência interna. Setores tradicionais do PSDB questionam não apenas a condução do processo, mas também os rumos programáticos do novo partido resultante.
Rachaduras históricas em São Paulo
São Paulo, que por décadas foi o principal bastião do PSDB no país, é hoje o epicentro da crise. O desgaste do partido nas últimas eleições, a perda de influência no Executivo estadual e divergências internas aprofundaram a fragmentação da base tucana, abrindo espaço para a migração de quadros a outras legendas.
A eventual fusão, ainda em fase de análise pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pode, na prática, acelerar essa sangria, ao invés de estancá-la. Lideranças mais alinhadas a outras correntes políticas já cogitam ingressar em partidos com maior protagonismo no cenário atual.
Futuro incerto
Analistas políticos avaliam que, embora a fusão entre PSDB e Podemos tenha potencial para criar uma sigla com maior musculatura eleitoral, o momento da movimentação e a falta de consenso interno podem comprometer o efeito desejado. Sem conseguir reter nomes de peso, a nova legenda pode nascer enfraquecida, um paradoxo para uma aliança que visa justamente a sobrevivência.
Enquanto isso, nos bastidores, os tucanos ainda fiéis à legenda tentam convencer os colegas a permanecerem, apostando em uma eventual reconfiguração de lideranças e em um discurso de unidade para os próximos anos. Mas a debandada, ao que tudo indica, já está em curso.