Qual a sua memória mais antiga da vida?

Por Renato Riella

Aos 71 anos, relativamente recluso num apartamento, fiquei pensando qual a mais antiga lembrança que carrego desta vida.

Vocês já fizeram este exercício?

Pois bem! Eu devia ter pouco mais de um ano. Estava sentado numa mesa, provavelmente de fralda ainda. E, na minha frente, meu pai me provocava com um chaveiro cheio das chaves que ele usava.

Me vejo arrancando as chaves da mão dele, num jogo de agilidade.

Um dia, falando com minha mãe Cecília, ela confirmou, assustada, que isso acontecia. E perguntou: “Como é que você lembra?”

Tenho outra memória incrível. Na minha festa de aniversário, tia Aurora, sempre carinhosa, falou: “Você já tem cinco anos!”

Levantando as duas mãos, respondi a ela: “Faltam cinco anos para eu fazer dez anos”. Consigo repetir esta cena como se fosse hoje.

A questão de lembranças muito antigas passa por todo mundo.

Há pouco tempo, contei para minhas netas que a minha filha Nara, quando tinha menos de três anos, me dava muito trabalho.

Ela ficava sem me ver durante o dia, porque eu trabalhava em jornal até 10 da noite. Mais ou menos às 3 da manhã, Nara acordava e falava baixinho;
-Papaizinho, venha cá!

Tenho sono leve e durmo pouco. Me levantava, carregava a garotinha nos braços e ia para a sala, ligando o som na Rádio Nacional (de ótima programação).

Andava em círculos com Nara durante 20 minutos, no escuro, até que ela pegava no sono. E eu também ia dormir de novo.

Enquanto contava essa verdade para as netas, Nara ficou séria e falou: “Lembro bem disso!”
-Lembra como, se você era quase neném!

Ela provou, dizendo que o som tinha uma luz verde, que semi-iluminava a sala escura.

Assim, acredite quando alguém disser que se lembra de algo ocorrido há 70 anos.
Fica tudo registrado na caixola.

Devemos agradecer a Deus se as lembranças forem felizes – como estas relatadas por mim.
Faça este exercício.

Reviver é viver.

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