*Por Marli Rodrigues
Curioso o fato do GDF sempre trocar apenas o Secretário de Saúde, uma vez que as equipes que cuidam dos contratos mais caros da pasta continuam atuando.
Em tempo de crise em todas as áreas da Saúde do Distrito Federal, a pergunta que tem assombrado gestores, servidores e usuários tem sido: “onde está o problema?”. Um ano e três meses depois, o Governo do Distrito Federal nomeou três secretários – João Batista de Sousa, Fábio Gondim e Humberto Fonseca –, o que abre precedente para mais uma questão: “O PROBLEMA É GESTÃO OU O MODELO?”.
Os graves problemas dentro das unidades de saúde e nas trincheiras do próprio Palácio do Buriti têm desgastado um a um os secretários que estiveram à frente da pasta. Problemas com a falta de medicamentos, leitos, profissionais e a clara intenção de sucatear o sistema, para inserir as organizações sociais (OSs), são somadas a ingerências políticas por influência na pasta.
Essas brigas resultam na dúvida sobre qual é o real problema na saúde. Durante a campanha para o governo, Rodrigo Rollemberg dizia que tudo não passava de erro na gestão, mas com menos da metade do seu mandato mudou o comando da pasta três vezes. Maus gestores, será?
Os recursos da pasta são abundantes e estão deixando de ser usados em áreas essenciais, como na compra de remédios, na saúde primária, no não pagamento de fornecedores e de terceirizados, ou ao ponto de serem mal utilizados em compras em quantidades desnecessárias de insumos.
Outra questão que o governo coloca desde que assumiu o Buriti é o modelo que existe no Distrito Federal. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) inseridas pela gestão anterior e que foram criadas para desafogar os pronto-socorros dos grandes hospitais já estão defasadas com o pouco tempo que funcionam.
A sobrecarga resultou em um sistema deficitário, tanto para os pacientes do DF quanto para os que vêm de outros estados. Lotação em todos os prontos-socorros e atendimento de baixa qualidade, por falta de profissionais suficientes para acabar com a demanda. Essa é outra pedra no sapato do GDF, uma vez que existem mais de quatro mil concursados prontos para ingressarem na SES e outros tantos, já servidores, querendo dedicação exclusiva.
A velha estratégia
A situação chegou ao ponto que o governo, sem conseguir gerir a Saúde, está deixando o sistema quebrar para que seja irreversível e facilite a entrada das OSs, o que deve acontecer nos próximos dois meses.
Pelo menos duas já estão habilitadas para assumirem unidades de saúde. Dessas, o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP) já estaria certo para a missão, que custará R$ 400 milhões para os cofres públicos, como antecipou o portal do SindSaúde (veja aqui).
E então, o problema é modelo ou gestão? Não, o grande X da questão são as quadrilhas que se instalaram como verdadeiros feudos na Secretaria de Saúde. Não existe governo que consiga desmontá-las…Vamos lembrar? O desvio de dinheiro do SAMU para comprar teste de gravidez, a compra extravagante de órteses e próteses, sem esquecer da licitação dos marcapassos mal explicada e amarrada em algum lugar.
O problema está enraizado na SES! O governo Rollemberg vai ser mais um a passar e não conseguir combater esse mal? Ou ele coloca o dedo na ferida e prioriza a saúde do povo e a valorização do servidor, estancando o sangue que jorra a décadas, ou faz parceria com o demônio, arranja qualquer desculpa, entrega para as OSs e diz que está tudo bem.
A grande pergunta é: será que ele tem coragem de fazer, cumprir o direito do povo garantido na Constituição Federal? Vai garantir o direito dos trabalhadores? Tenho que confessar: esse é o enigma. Não vê quem não quer!
O problema não é gestão ou modelo!
* Marli Rodrigues é servidora da Secretaria de Saúde e Diretora do SindSaúde
Nesse vídeo apurei uma informação exclusiva sobre a presidente Dilma Rousseff. Quem estiver curioso, assista o vídeo. Vale a pena!