Infornações Daniel Cardoso, Jornal de Brasília
Sem falar em reaproximação, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) se reuniu com a bancada do PT na Câmara Legislativa. Os quatro deputados representam a única oposição assumida ao governo. O diálogo havia sido deixado de lado desde as eleições do ano passado, mas apesar da posição continuar a mesma, novas reuniões devem acontecer com outros membros da legenda.
A portas fechadas, o governador recebeu, ontem, os deputados Chico Leite, Ricardo Vale, Wasny de Roure e Chico Vigilante, todos do PT, na Residência Oficial de Águas Claras. O clima foi bastante diferente do registrado durante a campanha eleitoral de 2014, com as críticas e o tom áspero adotados tanto por Rollemberg, quanto pelo ex-governador Agnelo Queiroz.
Quando Agnelo ficou fora do segundo turno, o PT se dividiu. Correntes internas assumiam posições diversas, entre neutralidade e oposição ferrenha a qualquer que fosse eleito.
Após os debates, ficou decidido que o partido não ia fazer parte do governo de Rollemberg e a agressividade do discurso contra o Buriti dependia da vontade de cada deputado. Até então, nada de conversas, mas o convite partiu do governador.
Relação difícil
A aproximação com o PT poderia representar uma melhor relação com o Governo Federal. O PSB apoiou Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições e, desde então, o diálogo com a esfera federal está mais difícil. Prova disso que quando foi tentada a antecipação de uma das parcelas do Fundo Constitucional, a Secretaria do Tesouro Nacional se posicionou contra a manobra. Há quem credite a negativa como reflexo do contexto político.
O deputado Chico Vigilante considerou a reunião normal, ainda que o PT não faça parte da base de apoio. Mas o distrital garante que a posição não mudou. “Entramos oposição e saímos de lá como oposição”, dispara. Vigilante afirma que o partido tem colaborado com Buriti nos projetos que considera importantes. “Deixamos sempre claro que somos oposição ao governo e não ao Distrito Federal. Não queremos cargos no governo nem nada disso”, disse.
Saiba mais
Os petistas ficam na oposição, mas Rollemberg pretende se reunir com mais lideranças do PT, como seu presidente no DF, Roberto Policarpo, para debater o contexto político no Distrito Federal.
O PT foi o único partido que assumiu posição crítica ao Buriti.
Diferente do PMDB, aliado petista nas últimas eleições, que decidiu ser independente do governo.
A aproximação de deputados do partido teria causado até mal-estar dentro da sigla, já que houve encontros com o governador, mesmo após a decisão de se manter neutro.
Apoio virá a propostas para o “bem do DF”
Já o deputado Wasny de Roure não vê clima para que o PT passasse a fazer parte do governo e reforçou o discurso petista em relação a colaborar com o que for bom para a cidade. “Com um processo eleitoral tão recente, não tem como falar em ocupar cargos no governo. Nessa reunião expusemos nossas posições políticas e a vontade de contribuir. Tanto é que vários projetos aprovados foram feitos com emendas dos deputados do PT.”, explicou Wasny de Roure.
A pauta, de acordo com o deputado Ricardo Vale, foi a crise política e econômica enfrentada pelo Brasil nos últimos meses. Dessa maneira, contar com o PT para ajudar no governo não foi um assunto sequer mencionado por Rollemberg. “Temos ajudado e dado o quorum para matérias como o Refis e o remanejamento de recursos dos fundos. Não sei como está a base dele e ele nem mencionou isso, mas para cada projeto vamos agir de acordo com as posições assumidas pelo PT”, garantiu Ricardo Vale.
A dificuldade nas relações não seria tão grande e a possibilidade de mais diálogo não está descartada, nem mesmo após o fogo cruzado nas eleições. “O acirramento dos ânimos ficou mais entre os candidatos ao governo. Nós não entramos tanto na briga”, completou Vale.
O Buriti não se posicionou oficialmente sobre o teor da reunião até o fechamento desta edição.
Aliado antigo
Rodrigo Rollemberg foi eleito ao Senado em 2010 na chapa de Agnelo Queiroz. Junto com o senador Cristovam Buarque (PDT), ele pediu votos para o ex-governador, mas a aliança acabou rompida com PSB e PDT antes da metade do mandato de Agnelo.