Pelo menos 15% das 185.299 pessoas imunizadas com primeira dose da vacina contra Covid-19, em Brasília, moram fora do Distrito Federal. Segundo a Secretaria de Saúde, entre 19 de janeiro e 28 de março, 29.106 pessoas imunizadas no DF vieram de outras unidades da federação, principalmente de Goiás e de Minas Gerais.
Segundo o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, os grupos procuram os postos de drive-thru e, por isso, o governo estuda restringir a imunização, pedindo comprovante de residência. “A prioridade da vacinação é a população do DF”, diz o secretário.
Nesta terça (30), o DF chegou ao maior número de mortes pela pandemia em um único mês. Foram 5.912 óbitos confirmados em março, sendo 94 deles registrados em um único dia.
Mais vacinas
Diante da piora no número de mortos e infectados, e com a demanda por vacinas aumentada, por causa de pessoas de outras unidades da federação, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) encaminhou um ofício ao Ministério da Saúde onde questiona a quantidade de vacinas enviadas à capital federal.
O documento, destinado ao secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, pede que “o número de doses seja aumentado para suprir a demanda criada por pacientes de outras unidades da Federação”.
O MP aponta que “os números da pandemia no Distrito Federal estão em seu nível mais alto: a ocupação de leitos de UTI ultrapassa 90%, a taxa de transmissão é maior do que 0,9 e a média móvel de mortes passa de 50 por dia”.
“Apesar da situação crítica, o sistema de saúde distrital também precisa atender pacientes de outras unidades da Federação, especialmente do Entorno”, diz o MP.
Os promotores de Justiça pedem que o Ministério da Saúde leve esses fatores em conta na hora de fazer distribuição das doses, incluindo também o déficit populacional nas estimativas do governo federal.
“O sistema de saúde é universal e todos devem ser atendidos, sem distinção. Por isso, entendemos que deve haver sensibilidade por parte do Ministério da Saúde para que dispense ao Distrito Federal um número maior de doses, que garanta a qualidade do atendimento a todos os que procurem a rede local de saúde”, diz o coordenador da força-tarefa de enfrentamento à Covid-19, o procurador de Justiça José Eduardo Sabo.