Informações ANDRÉ DE SOUZA E RENAN XAVIER Jornal O Globo
O governo do Distrito Federal (GDF) emprega, em cargos comissionados, ao menos 75 pessoas que têm algum tipo de parentesco com outros servidores. Há casos de parentes empregados em pelo menos cinco pastas diferentes do governo: são pais, filhos, irmãos e cônjuges que, pelas regras que vedam a prática do nepotismo, não poderiam trabalhar no executivo distrital.
O número, no entanto, pode ser ainda maior. Esses são casos que o GLOBO conseguiu confirmar a partir de um levantamento que a Controladoria-Geral do DF elaborou em 2015 e entregou à Casa Civil do governo local, onde estavam listados 377 possíveis casos de comissionados com parentes empregados.
Ao longo do ano passado, um grupo de 66 servidores chegou a ser exonerado por um decreto do governador Rodrigo Rollemberg, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal em 14 de agosto, mas alguns voltaram.
Há relação de parentesco foi confirmada por meio de fontes como o Diário Oficial, o Portal da Transparência e o Diário de Justiça (onde é possível ver registros de matrimônios). Depois de confrontado com os casos, o GDF exonerou seis servidores comissionados.
Entre eles, estava Mateus Maia de Castro, admitido na Secretaria de Trabalho em 3 de fevereiro de 2015. Ele é filho de Eric Seba, diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).
A reportagem procurou a secretaria no dia 8 de março e, em resposta, a pasta informou que ele tinha pedido exoneração um dia antes. Já a assessoria da Polícia Civil afirmou que Mateus já havia pedido para sair do governo em fevereiro. A exoneração, de fato, ocorreu em 15 de março.
FILHA DO CORREGEDOR NA LISTA
Esse não é o único caso que envolve a cúpula da Polícia Civel do DF. Luana Barroso Lins, assessora jurídico-legislativa da Secretaria de Justiça e Cidadania, é filha do corregedor-geral da corporação, o delegado Emilson Pereira Lins.
De acordo com a Polícia Civil, nos dois casos não houve nepotismo, uma vez que, no momento da nomeação, Mateus e Luana assinaram um termo em que declaravam ter parentes na administração direta. A Secretaria de Justiça informou que está avaliando se a situação de Luana é de fato nepotismo e que tomará as medidas necessárias, caso isso se confirme.
Os irmãos Itamar da Silva Lima e Wilson da Silva Lima também são outro caso de nepotismo: são irmãos do senador Hélio José (PMB-DF). O parlamentar assumiu o mandato em 2015, após a saída de Rollemberg do Senado.
Como não faz parte dos quadros do governo local, o nome de Hélio José não chegou a ser incluído no levantamento da Controladoria-Geral. Em nota, a assessoria do parlamentar informou que ele não tem ligação com os cargos dos irmãos e que “nunca fez ou fará uso e influência para a prática e nepotismo”.
Acompanhe o vídeo sobre a relação entre PSB e PSD. Informações exclusivas.