Informações BSB Capital
O pedagogo Eliseu Kadesh se auto-intitula o primeiro outsider pré-candidato a governador de Brasília. Morador de Águas Claras, mas com a vida dedicada a Taguatinga, ele assumiu a postura de concorrente à sucessão de Rodrigo Rollemberg (PSB) no Palácio do Buriti em novembro de 2016.
Desde então, dedica-se a buscar apoio ao seu projeto que, garante, visa melhorar a qualidade de vida “de todos os moradores do DF e não apenas Plano Piloto”. Filho de um policial militar com uma professora, casado e pai de três filhos, ele pretende usar as modernidades para prestar bons serviços aos usuários dos sistemas públicos, especialmente na saúde, na segurança e educação.
Brasília Capital – Chegou 2018. Como fica a pretensão de um outsider morador de Taguatinga de chegar a governar Brasília? –
Eliseu Kadesh – Contagem regressiva. Parece que em 2018 tudo começa a andar mais rápido. Nossa pretensão nasceu em novembro de 2016. Completou um ano. E, neste ano, vemos o relógio girando mais rápido. Tudo é uma grande novidade pra nós. Nunca fomos candidato a qualquer cargo eletivo. É a primeira vez que entramos para a vida pública com esse objetivo de ser governador do DF.
BC – Quais são as credenciais que você apresenta para tentar conquistar os votos dos brasilienses? –
EK – A primeira, é que sou um cidadão, um eleitor, um usuário do GDF. Sirvo-me dos serviços públicos. Então, sei enxergar onde estão os defeitos e as coisas boas de Brasília; onde a gente pode investir mais e melhorar. A segunda é minha experiência em gestão. Há mais de 15 anos sou gestor escolar no colégio Kadima. Sou empreendedor.
BC – Como cidadão, você falou que tem noção das coisas boas e ruins. Vamos começar pelas ruins… –
EK – Serviços de saúde. No momento, não tenho plano de saúde. Então, eu e minha família nos utilizamos do SUS. Fui me consultar, recentemente, no Hospital Regional de Taguatinga e o doutor me apresentou um receituário fotocopiado. Tenho certeza absoluta de que, provavelmente, ele tirou do próprio bolso para fazer as fotocópias para poder não faltar receituário. Ou seja, a rede pública não tem nem o formulário de receituário.
Foto: Gustavo Goes
BC – O que você faria, como gestor, para mudar essa realidade? –
Todos os pré-candidatos, ao falar de saúde em Brasília, sempre usam a palavra gestão, que falta isso. Nós encerramos 2017 com mais de R$ 300 milhões sendo devolvidos para o SUS, porque a Saúde não conseguiu gastar. A nossa ideia de entrar com uma gestão tecnológica minimizaria esses erros e desmandos.
BC – Um concorrente seu, o deputado Alberto Fraga, já definiu a área de segurança como prioridade, caso se eleja governador. Qual seria a sua? –
Minha prioridade seria a gestão tecnológica, como já falei. Um investimento pesado em tecnologia para minimizar os defeitos que existem nas gestões, tanto da segurança quanto da saúde. Na área de segurança, pensamos em uma campanha educativa muito necessária, que nunca ocorreu. Você vê campanhas educativas de respeito ao trânsito, doenças, mas contra a violência não se vê esse tipo de campanha educativa no DF.
BC – Só isto seria suficiente para resolver o problema? –
Um ponto fundamental para mim, que sou conhecedor por ser de família de um policial militar, é um investimento nas polícias. Principalmente, a que está na rua. Hoje, nós estamos com o mesmo efetivo de mais de 10 anos atrás. Ou seja, a população cresceu e polícia continuou do mesmo tamanho.
BC – Você é educador. Pode-se deduzir que a educação seria prioridade no seu governo? – Não tem como não ser prioridade. Eu falei de campanha educativa para segurança. Isso passa pela educação. Questões de saúde passam pela educação. O fato de as pessoas aprenderem a se higienizar antes de alimentar, de fazer uma comida com a devida higiene, passa pela educação. Meus três filhos estudam em escolas públicas. Demos sorte de ser em escolas que têm uma direção muito boa, apesar da dificuldade que a Secretaria de Educação tem.
BC – Você acha que o ensino se equipara ao das escolas particulares? –
Os professores estão fazendo o melhor para os alunos que estão ali. Diante disso, tenho uma proposta muito inovadora e, ao mesmo tempo, antiga. Prometer a educação integral, hoje, é uma utopia. É impossível prestar educação integral para todos. Não tem corpo técnico e nem estrutura física para isso. É um investimento para 10 ou 15 anos. É uma geração completa. Temos uma proposta que passa pela alimentação correta dos alunos da rede pública. Está comprovado: aluno que não se alimenta bem não consegue aprender direito.
BC – Como governador, qual seria o tratamento que você dispensaria às cidades-satélites e às pessoas que vivem fora do Plano Piloto? –
EK – Eu não me proponho ao cargo de governador, e sim, de gerente. Quero ser funcionário de Brasília, e não chefe. O patrão é a população. O atual governador, através da mudança que fez na nomenclatura e na logomarca, acaba denunciando a intenção dele. O governo não é das satélites e de Brasília. É o governo só de Brasília. O nome da unidade federativa é Distrito Federal. O GDF precisa de presença.
BC – Você promoveria a descentralização das administrações regionais? –
Com certeza, o administrador é o representante do governador. Tem que ser. E não o representante de um deputado.
BC – Como ficariam os acordos com a Câmara Legislativa sem o toma-lá-dá-cá? –
EK – Eu ficaria muito desconfortável de falar neste assunto se não acreditasse que a Câmara Legislativa também vai se renovar. Sou pré-candidato acreditando que serei candidato, que serei eleito e que a Câmara Legislativa vai passar por uma renovação de, pelo menos, 70% dos deputados, que é o apontam os especialistas. Nós não vamos ter a filosofia do balcão de negócios, de venda e compra de votos. Seja no nível eleitoral ou governamental. Para mim, é imoral. Para isso, tenho uma proposta muito boa: todas as reuniões que fizermos com o Legislativo, com um ou com todos os deputados, sejam transmitidas pela internet para a população assistir.
BC – Você acha isso factível? –
EK – Se o assunto for de interesse do Distrito Federal, nós que estamos nos candidatando à vida pública não temos porque esconder. Assuntos como aprovação de projetos e nomeação de comissionados, por exemplo, são de interesse público.
BC – O seu discurso de outsider não é único. Outros candidatos se apresentam com esse mesmo perfil... –
A nossa candidatura é a mais legítima com o nome de outsider. Aqui em Brasília, o primeiro a ter essa configuração fui eu. Garanto que sou o único candidato a governador com essa característica. Todos os outros têm um pé na política.
Eliseu Kadesh Foto: Gustavo Goes
BC – Mas legislação não permite um candidato sem partido. E à medida que a pessoa se filia a um partido, ela tem que rezar a cartilha daquele partido, no estatuto. Como lidará com isso?
– Esse momento de renovação está passando também pelos partidos. A maioria deles está abandonando o nome “partido” e adotando um formato de movimento. Isso revela o sentimento da maioria das pessoas. Hoje, dificilmente se vê, como há 15 anos, pessoas andando com bandeiras penduradas nos carros e defendendo sua ideologia. Isso já não existe mais, porque é a realidade do brasileiro hoje, de não acreditar em partidos. Nós precisamos de um partido para sermos candidatos. Porém, estamos todos, eleitores, políticos e partidos, aprendendo o que será essa nova realidade.
BC – Você admite a divisão entre direita e esquerda? –
EK – De verdade, não.
BC – Se tivesse que se posicionar por essa divisão, qual seria o seu lado? –
EK – Outsider (risos).
BC – Qual mensagem você deixaria para Brasília com a perspectiva de eleições e a avaliação da atual gestão? –
EK – Otimismo é uma palavra muito forte. Busco mais o realismo. Nós estamos em um estado de emergência. Estamos na UTI, em todos os sentidos. Do serviço público, até a sociedade como um todo. Desejo que as pessoas possam refletir, apesar da revolta que sentem no coração, da vontade de explodir, de dar tiro. Que elas tenham esse momento. Tudo que está acontecendo não foi culpa de nenhum alienígena que chegou e nos impôs. Nenhum dos líderes políticos foi imposto por alienígenas, e sim pelo voto. Proponho que as pessoas reflitam. O voto deve ser consciente.
Não só o voto, que é reflexo de uma atitude, comportamento e de uma crença, mas que as pessoas possam acreditar que elas fazem a diferença. Quando me coloco como pré-candidato a governador, é o meu voto de protesto. Não há outro candidato que represente o que a sociedade está precisando.