Informações Millena Lopes, Jornal de Brasília
Recém eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Legislativa, o deputado distrital estreante Reginaldo Veras conta que o PDT trabalha com a possibilidade de lançar um nome alternativo aos já postos para a disputa eleitoral do ano que vem: o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle. Isso se o governador Rodrigo Rollemberg não se viabilizar para a reeleição. Para garantir a eleição de Joe, Veras fala em aliança com Rede, PV, PSOL, PT e até o PSD, do vice-governador Renato Santana.
O que o governo pode esperar da CCJ?
A condução com muita responsabilidade da comissão, sem barganha política, sem atrapalhar o governo, sem atender a interesses pessoais e corporativos.
O governo tem mandado projetos em cima da hora, para análise a jato pelas comissões. Como o senhor pretende tratar estes textos na sua gestão?
Eu entendo que o colégio de líderes só não é mais soberano que o plenário. Se decidirem que vai a plenário, irá. Independentemente da minha posição pessoal. Agora, havendo interesse da coletividade dos deputados, não tem sentido eu barrar um projeto.
Quando o seu nome foi posto para a CCJ, o governador Rodrigo Rollemberg apoiou de pronto. A que se deve essa aceitação?
Justamente por ter conduzido o meu mandato e a Comissão de Educação com a responsabilidade que quero implementar na CCJ. O governo sabe que, comigo, não vai ter barganha. Vou conduzir de forma técnica. E no que puder ajudar ao governo, desde que não fira minhas posições ideológicas e a sociedade, vou ajudar.
O bloco Sustentabilidade e Trabalho já é um indício de aliança para as eleições de 2018?
Sim. A constituição do bloco entre PDT, Rede e PV foi a partir de afinidade ideológica. As posturas e os projetos políticos são semelhantes. E pode ser uma aliança, no futuro.
O que já tem de conversa formal do partido para 2018?
O nosso comandante ainda é o governador Rodrigo Rollemberg. Se o comandante, em 2018, não tiver condições de tocar o barco, aí a gente segue um novo caminho.
O que indicaria a falta de condições de Rollemberg?
Isso está relacionado à própria capacidade de gestão, à popularidade e às perspectivas eleitorais do nosso governador. A gente trabalha com possibilidades de tentar lançar algum nome. Já temos até um nome para o Senado, caso a aliança com a Rede se concretize: deputado Chico Leite (Rede). Mas essas conversas são dos parlamentares do bloco, não das executivas dos partidos.
E o senhor, vai se candidatar novamente a distrital?
90% de chance é de eu vir candidato à reeleição; 10%, eu sou franco atirador.
O senhor acha que ainda há tempo para que Rollemberg decole nesta gestão?
Eu tenho certeza que o governo vai melhorar a popularidade. O grande legado do governo Rollemberg é a austeridade. Isso é inquestionável. Ele pegou o caixa com um rombo e já conseguiu minimizá-lo, mantendo os salários em dia. É um governo austero, que está honrnando compromissos de 2013 e 2014. Faltam habilidade e capacidade de se comunicar com a população. Eu tenho certeza que a popularidade do governador vai melhorar, só não sei se será suficiente para garantir a capacidade eleitoral dele. Mas eu torço por isso.
Rollemberg tem uma dívida com os servidores, quando resolveu não pagar os reajustes salariais concedidos na gestão passada. Os servidores são grande parte do eleitorado…
E são eleitores formadores de opinião. Com relação aos servidores, eu não tenho nenhuma perspectiva de mudança.
Joe Valle (PDT) é um nome que o partido considera para concorrer ao Governo do DF?
Sim, o PDT considera este nome. Em 2016, eu mesmo cheguei a cogitar como um potencial candidato para 2018. Os partidos mais progressistas, hoje, não têm um nome material e concreto, de tal maneira que, com a presidência da Câmara, que vai dar mais visibilidade ao nome dele, e se ele fizer um trabalho de resignificação da Casa e conseguir mostrar para a população que tentou mudar alguma coisa, ele se fortalece ainda mais. Agora, a gente não trabalha ainda com essa perspectiva de lançá-lo, mas não trabalha com a perspectiva de escondê-lo.
Quando o senador Cristovam Buarque fez o anúncio de que o PPS estava deixando oficialmente a base de Rollemberg, Joe sentou à mesa com ele. Isso é um sinal de que pode haver aliança no ano que vem?
Se depender de mim, não. Até porque eu não considero hoje o PPS uma força progressista. O Cristovam ainda é uma força progressista em mutação. Por minha vontade, no contexto atual, essa aliança não se concretizaria.
O senhor foi um dos grandes entusiastas da candidatura de Joe para a Mesa Diretora. Essas articulações já tinham mira na eleição para o governo?
Da minha parte, sim. Da parte dele, acho que não. Joe continua mantendo o nome dele como potencial candidato a deputado federal. Eu que vislumbro a possibilidade de algo melhor.
E, com a possibilidade de ele ser o candidato ao governo, a quais partidos o PDT se aliaria?
Para efeitos de aliança, 2018 está longe. Em princípio, já trabalhamos com a possibilidade de aliança com a Rede, PV, PSOL e com campos ligados à área do centro, a exemplo do PSD e do PSB, caso não tenham candidatura própria.
E com o PT?
Tem possibilidade. Por causa da vinculação histórica. Mas nunca conversamos a respeito.