O aumento na taxa de transmissão do novo coronavírus preocupa as autoridades do Distrito Federal. Em entrevista coletiva à imprensa, nesta segunda-feira (30), no Palácio do Buriti, o Secretário de Saúde, Osnei Okumoto, informou que a pasta trabalha com a possibilidade de uma segunda onda da Covid-19.
De acordo com o chefe da pasta, o nível de reprodução do novo coronavírus está em 1,3 no Distrito Federal, ou seja, 100 pessoas podem contaminar 130. Quando esse índice está acima de um, significa que a pandemia está em crescimento.
Okumoto atribui o aumento da taxa de reprodução, que estava abaixo de um, em outubro, ao descumprimento das medidas sanitárias por parte da população, “principalmente dos jovens”.
“A gente observou um relaxamento por parte da população. Uma grande quantidade de pessoas se utilizando de casas noturnas, como bares, sem utilização de máscaras, muitas vezes compartilhando copos e, também, a utilização de narguilé, que é o uso do fumo coletivamente.”
O secretário disse ainda que, nesta segunda-feira, vai se reunir com entidades ligadas ao comércio para que sejam reforçadas as orientações sanitárias.
“Vamos conversar com a Fecomércio e com os sindicatos para que a gente possa fazer uma mobilização muito grande, para que tenhamos Natal e Ano Novo muito mais confortáveis do que estamos tendo nesse momento, com essa taxa de transmissão”, disse o secretário.
“Considerar o início de uma segunda onda é em decorrência desse índice. Estamos iniciando esse processo do que a gente tem que evitar, através de ações [preventivas].”
O secretário explicou que, para que o Executivo considere uma segunda onda do novo coronavírus, três aspectos são observados. Um deles é a taxa de transmissão. Os outros são a quantidade de óbitos e de pessoas internadas. “A gente não tem observado dois desses itens”, disse.
“Estaremos conversando com o comércio para que as medidas de proteção sejam exigidas da população, dos funcionários dos donos. Caso não haja essa diminuição, medidas serão tomadas”, frisou.
Chegada da vacina
O secretário informou ainda que, no momento, a prioridade é a chegada da vacina. De acordo com ele, cada fabricante vai disponibilizar as imunizações. As doses deverão ser tomadas em etapas, com calendário ainda a ser estabelecido.
Okumoto explicou que as ações relacionadas à vacina, como decidir os grupos prioritários, serão decididas pelo Ministério da Saúde. O chefe da pasta ainda frisou que o governo federal começa a preparar insumos e tem 1 milhão de seringas guardadas. “Também estamos fazendo aquisições”, disse.
A secretaria também anunciou que vai iniciar um “inquérito epidemiológico” para aumentar o monitoramento da Covid-19 no Distrito Federal. Técnicos da pasta vão a todas as regiões administrativas para testar a população.
De acordo com o secretário, 230 endereços serão sorteados em cada região para que sejam feitos exames dos moradores e a checagem de contaminação. Caso não tenha nenhum morador no momento com mais de 18 anos, a casa vizinha será avaliada.
A pesquisa, que deve começar na quarta-feira (2), é uma maneira de identificar possíveis riscos de uma segunda onda da Covid-19. Além disso, poderá indicar se a região precisa outras medidas para conter o avanço da doença.
Hospital de Campanha da Ceilândia
Ainda segundo a Secretaria de Saúde, o Hospital de Campanha de Ceilândia deve começar a receber pacientes na segunda quinzena de dezembro. A obra foi entregue na última sexta-feira (27). São tomadas providências para equipar e contratar empresas prestadoras de serviços que ficarão responsáveis pela limpeza e segurança da unidade.
Segunda onda
De acordo com o chefe do Executivo local, o governo está “preparado” para a possibilidade uma segunda onda de contágio pelo novo coronavírus no DF.
“Nós estamos preparados, sim, para uma segunda onda se ela vier. Rezamos muito para que a vacina chegue, de onde quer que ela venha, seja da Rússia, dos Estados Unidos, ou da própria China, onde surgiu o vírus. Mas, nós estamos preparados para uma segunda onda caso ela venha, e nós tratamos desse assunto semanalmente com o secretário da Saúde, o Osnei [Okumoto], exatamente para ficarmos prontos.”