A corrupção no Brasil tem sido cada vez mais “normalizada” nas instituições e no cotidiano político, de acordo com a Transparência Internacional. Em uma análise detalhada sobre a situação política e a percepção pública da corrupção no país, a organização afirmou que práticas corruptas, como a “rachadinha” e outras formas de desvio de dinheiro público, passaram a ser vistas como algo comum e tolerado.
A crítica da organização destaca a falta de uma reação contundente da parte das autoridades para combater a corrupção de forma eficaz. A Transparência Internacional apontou que o Brasil tem enfrentado um ambiente político marcado pela impunidade e pela falta de responsabilização dos envolvidos em escândalos de corrupção. A organização fez um alerta de que esse cenário de permissividade e impunidade contribui para o enfraquecimento das instituições democráticas e prejudica a confiança da população no sistema político.
Um dos exemplos citados foi o caso envolvendo o deputado André Janones, que admitiu o desvio de recursos públicos, mas teve uma punição considerada branda, com uma multa parcelada, o que gerou indignação em setores da sociedade. A situação foi vista como um reflexo de como a corrupção tem sido tratada de forma leniente, mesmo quando há confissões claras de práticas ilícitas.
Além disso, a organização criticou a recente atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi responsável pelo desmonte de investigações significativas, como a Lava Jato. A decisão, que limitou os avanços da operação, foi vista como uma forma de permitir que práticas corruptas continuem a prosperar sem grandes repercussões legais.
A análise da Transparência Internacional também fez menção ao desempenho do Brasil no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024, que registrou o pior desempenho histórico do país. A posição cada vez mais negativa do Brasil no ranking de corrupção global é um reflexo de um contexto onde a corrupção não só persiste, mas se tornou uma parte quase naturalizada do processo político, minando a eficácia das políticas públicas e a confiança popular nas instituições.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva também foi alvo de críticas da Transparência Internacional. A organização observou que, apesar de algumas promessas de combate à corrupção, a gestão de Lula não tem sido efetiva em implementar medidas concretas e duradouras. Além disso, o desmonte da Lava Jato, uma das principais operações de combate à corrupção no Brasil, foi visto como uma ação que contribuiu para a sensação de impunidade. A crítica foi ainda mais acentuada ao se destacar que, embora Lula tenha vindo a público em diversas ocasiões se posicionando contra a corrupção, sua administração não tem sido capaz de conter práticas que, segundo a Transparência Internacional, se tornaram parte do “sistema”.
Esse cenário levanta questionamentos importantes sobre o futuro da política brasileira e o papel das autoridades e da sociedade no combate à corrupção. A transparência e a justiça são, cada vez mais, exigidas pela população, que não pode mais tolerar a normalização desses comportamentos, caso contrário, o Brasil continuará a perder o rumo da integridade e da governança responsável.