Sem danos à República

Presidente Jair Bolsonaro
Por Simone Leite

A recriação do Ministério das Comunicações e a indicação do deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) no comando da pasta oficializa o retorno ao chamado “presidencialismo de coalizão”.

O conceito, no entanto, foi criado pelo cientista político Sérgio Abranches, segundo o qual o presidente da República cria uma coalizão multipartidária e majoritária para conseguir aprovar projetos legislativos.

 

Toma lá, dá cá  x Presidencialismo de coalizão

Esse conceito é confundido, por vezes, com o “toma lá, dá cá”, mas precisamos saber diferenciá-los. Não é danoso para a República o presidente tentar, em nome de uma maior governabilidade, dialogar com diferentes partidos e acomodá-los dentro da estrutura do governo.

Essa confusão se dá porque nos últimos anos foram feitas inúmeras tratativas não republicanas que levaram a práticas de corrupção e de nomeações para cargos com o único fito de se obter algum ganho específico dentro do Parlamento.

Vale lembrar que Bolsonaro iniciou seu mandato buscando se apoiar na relação com bancadas temáticas. A realidade, porém, mostrou a necessidade de dialogar com as legendas.

Por essa razão resolveu ceder e adotar essa prática, que, se por um lado pode fazer com que sua base eleitoral se sinta traída, por outro pode trazer ganhos de governabilidade, o que ultimamente tem faltado a Bolsonaro.

O PSD que o novo ministro integra é o chamado Centrão – bloco dentro da Câmara que congrega legendas como PP, PL, Republicanos, PTB e Solidariedade –, que soma pouco mais de 170 deputados.

Além de Faria, Bolsonaro realizou recentes nomeações de filiados desses partidos em outros escalões.

Tais investiduras podem acarretar, além do significativo aumento numérico da frágil base governista, melhora do diálogo entre o Executivo e o Congresso Nacional.

Resta saber, portanto, quão fiel será o Centrão e se o presidencialismo de coalizão, à moda Bolsonaro, será eficiente para lhe garantir a aprovação de pautas prioritárias em sua gestão e, no limite, evitar um eventual – e remoto – processo de impeachment.

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