Essa é uma pergunta que muita gente faz — afinal, os salários são altos, os benefícios são atrativos e o prestígio político é grande. Mas, quando se coloca tudo na ponta do lápis, será que realmente compensa?
Para quem quer disputar uma vaga de deputado distrital no Distrito Federal, o teto de gastos de campanha é de R$ 1.270.629,01. Ou seja, esse é o valor máximo que um candidato pode gastar, oficialmente, para tentar se eleger.
Se conseguir se eleger, o salário mensal é de R$ 37.774,64. Em quatro anos de mandato, isso soma pouco mais de R$ 1,6 milhão. Ou seja: o valor do mandato basicamente empata com o teto da campanha. E ainda não estamos contando custos extras que não entram oficialmente na conta — como estrutura paralela, doações não contabilizadas e outros gastos que, na prática, muitos candidatos enfrentam.
No caso de um deputado federal, o cenário é ainda mais desafiador. O teto de gastos é de R$ 3.176.572,53. Já o salário, de R$ 46.366,19 mensais, soma cerca de R$ 2,2 milhões ao longo dos quatro anos. Resultado: o investimento de campanha pode ser maior do que o retorno direto em salários.
Mas nem tudo gira em torno do contracheque. O partido, por exemplo, ganha com a eleição de cada parlamentar por meio do fundo partidário e do fundo eleitoral, mecanismos que distribuem recursos públicos conforme o desempenho nas urnas. Ou seja, muitas vezes, a eleição de um deputado é financeiramente mais interessante para o partido do que para o próprio candidato.
No fim das contas, ser deputado pode até valer a pena — mas não necessariamente pelo salário. Compensa para quem tem projeto político de longo prazo, acesso a financiamento de campanha, ou para quem vê no mandato um trampolim para outras oportunidades. Só não dá pra fingir que todo mundo entra nesse jogo apenas por vocação.