A decisão do governo federal de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) promete gerar um impacto significativo no bolso do contribuinte. Segundo estimativas da RC Consultores, empresa comandada por Paulo Rabello de Castro, ex-presidente do BNDES, a medida provocará um efeito dominó que pode elevar em até 122% a arrecadação apenas com esse tributo, uma alta que, na prática, recai diretamente sobre os pagadores de impostos.
Mais preocupante, segundo o estudo, é o impacto sobre o custo do crédito no país. Com a alta do IOF, o custo efetivo dos financiamentos deve saltar de 26,4% para 34,7% ao ano, um aumento de 31,5%, o que representa quase um terço a mais no valor final pago pelos consumidores e empresas que recorrem ao crédito.
O estudo também levanta questionamentos sobre a legalidade da manobra. O IOF é, por definição, um imposto regulatório, criado para intervir pontualmente na economia. No entanto, segundo os consultores, o aumento recente tem como objetivo principal o reforço de caixa do Tesouro Nacional, algo que o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria admitido, o que, segundo o levantamento, caracteriza uma utilização indevida do tributo.
O cenário se agrava diante de outro dado preocupante: a carga tributária no Brasil já alcança 34,2% do PIB em 2024, de acordo com levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV), o maior patamar em décadas.
Para Paulo Rabello de Castro, o retrato fiscal atual reflete um peso crescente sobre a população.
“O contribuinte seguirá sendo esfolado, se depender do governo Lula”, afirmou.
O aumento do IOF, além de ampliar a arrecadação, pressiona ainda mais o ambiente de crédito no país, já fragilizado por juros altos e baixo crescimento. Especialistas alertam que, em vez de estimular a economia, a medida pode inibir investimentos e consumo, dificultando ainda mais a retomada da atividade econômica.