Bate-boca na Câmara

A reunião extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados desta terça-feira (15) para votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância, foi encerrada após tumulto.

As discussões começaram logo no início da sessão, com obstrução de partidos de oposição, como PT e PSOL. Os deputados avaliavam requerimentos protelatórios, como o que pede votação nominal para alteração da ordem de trabalho. Essa apresentação de requerimentos é uma estratégia para tentar impedir a votação da PEC.

Em seguida, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou que a proposta fere cláusula pétrea da Constituição, além de servir a propósitos persecutórios.

Nesse momento, o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), rebateu a insinuação.

“Eu não falei com o ministro da Justiça, não pautei em virtude de pedido de ninguém. Devo satisfação aos meus eleitores, única e exclusivamente.”

Durante o bate-boca entre Francischini e Maria do Rosário, o presidente da comissão disse que a petista é “chata demais”.

O autor da proposta, o deputado Alex Manente (Cidadania-SP), defendeu que o texto não fere cláusula pétrea. “A proposta garante a presunção da inocência, apenas modifica o início do cumprimento da pena”, afirmou.

A proposta ganhou destaque no ano passado após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula foi condenado, em segunda instância, a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá, em São Paulo.

Pelo texto da PEC, após a confirmação de sentença em grau de recurso, o réu já será considerado culpado, podendo ser preso.

Hoje, o texto constitucional estabelece que o réu só pode ser considerado culpado — para fins de prisão — após o trânsito em julgado, ou seja, após o esgotamento de todos os recursos em todas as instâncias da Justiça.

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