O que era pra ser um jantar discreto virou assunto nos corredores de Brasília. A reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), realizada na última quinta-feira (28), acabou vazando para a imprensa, e o responsável pelo vazamento parece ter vindo do próprio Legislativo.
O objetivo do governo era claro: tentar convencer a dupla a manter o aumento do IOF. Haddad tentou costurar o apoio nos bastidores, envolvendo até a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, na articulação. Durante a semana, ela procurou lideranças do centrão, tentando suavizar a resistência à proposta. Mas a tentativa de apagar o incêndio só atiçou mais as chamas, e a história chegou rapidamente aos jornais.
O alerta vermelho acendeu de vez no Planalto quando Hugo Motta, que vinha adotando uma postura mais alinhada ao governo, recusou posar ao lado do presidente Lula durante visita à Paraíba. Um sinal claro de que o clima azedou.
Na mesma noite do jantar, Gleisi se reuniu com integrantes do União Brasil e do PSD. O retorno? Um verdadeiro festival de críticas a Haddad, que, segundo os parlamentares, agiu por conta própria e sem articulação prévia.
Os dez dias dados por Motta para que o ministro da Fazenda reveja o aumento do IOF estão longe de ser um gesto amigável. O prazo foi uma forma de empurrar a questão até a próxima semana, já que a pauta ficou travada por conta do encontro de parlamentares do Brics em Brasília.
Mais uma rodada de tensão entre governo e Congresso e, pelo visto, nem jantarzinho secreto resolve.