“O Brasil é um país “tarado” por títulos e diplomas”

Por Felipe Fiamenghi

Não tem o que defender. Sei que muita gente dá uma “incrementada” no currículo. O Brasil é um país “tarado” por títulos e diplomas. Aqui, aliás, formação acadêmica até vence debates, mesmo sem ter argumentos.

Geralmente esse tipo de “maquiagem” passa despercebida. Ninguém verifica. Ninguém espera que alguém minta sobre algo do tipo. Mas Decotelli não estava assumindo uma cadeira de docente em uma universidade do interior, estava assumindo o Ministério da Educação da 8ª economia do planeta; uma das principais pastas ideológicas de um governo em que a imprensa esmiúça detalhadamente a vida de cada um dos seus integrantes.

Bolsonaro, obviamente, não estava ciente disso. Sua função é RECEBER informações e lidar com elas, não levantá-las. Se a própria ala militar estava endossando a nomeação, não teria porquê o presidente discordar.

Considerando que todos os holofotes estavam voltados para o “personagem” em questão, é surreal acreditar que alguém, nesta situação, sustentaria uma mentira sobre a própria formação. Nem a própria mídia descobriu a mentira. Foi preciso que as universidades emitissem notificados dizendo que os títulos não existiam. O que é totalmente previsível que aconteceria, aliás.

Levando em conta suas declarações iniciais, honestamente, acredito que a descoberta veio em boa hora. O Ministro, provavelmente, acabaria tão perdido quanto a Regina Duarte na Secretaria de Cultura. A guerra ideológica não é opcional.

Qualquer um que assuma o cargo será arrastado para dentro dela. Fazer uma “gestão técnica”, portanto, inclui estar nas trincheiras ideológicas; querendo ou não. Melhor, então, alguém que queira!

Na minha opinião, Bolsonaro não deve gastar um minuto do seu tempo defendendo a nomeação ou o nomeado. Esquece o assunto e pronto. É um desgaste desnecessário.

A ampla defesa de Moro, no caso da invasão do seu celular, quando nem o próprio ministro pareceu se “importar” tanto, já que nenhuma providência efetiva foi tomada contra os autores, deve servir de lição.

Não é o Presidente que precisa defender seus ministros. Pelo contrário. São os ministros que devem defender o Presidente; vestir a camisa do governo. O eleito, afinal, é ele!

 

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