A Importância dos Candidatos de 2 Mil a 6 Mil Votos para as Nominatas dos Partidos em 2026

João Renato sendo entrevistado na Câmara dos Deputados

*Por João Renato (Fui candidato e me incluo nessa lista)

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) determinando que a Câmara dos Deputados revise o número de parlamentares até 30 de junho de 2025, a configuração política para as eleições de 2026 promete ser significativamente impactada. A nova regra, que será aplicada na legislatura que terá início em 2027, mudará também o cálculo do Quociente Eleitoral (QE), critério que define quais partidos conquistam cadeiras nas Casas Legislativas do país.

Entendendo o atual Quociente Eleitoral

O quociente eleitoral é obtido dividindo-se o número total de votos válidos pelo número de vagas em disputa. No Distrito Federal, com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) das eleições de 2022, foram contabilizados 1.612.037 votos válidos para deputado federal, resultando em um QE de aproximadamente 201 mil votos para garantir uma cadeira. Para deputado distrital, o número de votos válidos foi de 1.670.475, resultando em um QE de cerca de 69.603 votos.

Na próxima eleição, cada candidato da nominata precisará ter, em média, 2.784 votos para garantir uma cadeira na Câmara Distrital, e em média 22.333 votos para um cadeira na Câmara Federal, tornando essencial que os partidos organizem suas nominatas de maneira estratégica para maximizar suas chances de eleger representantes.

Impacto das Federações Partidárias

Com o movimento de federação de partidos já em curso, como o diálogo entre PSB, PDT e Cidadania, e as negociações entre PSDB, Solidariedade e PDT, é esperado que o número de candidatos seja reduzido. Isso significa que nominata precisará ser planejada cuidadosamente para atingir o QE.

Cada federação poderá lançar apenas um número limitado de candidatos: 9 para deputado federal no DF e 25 para distrital. Isso levará a uma votação mais expressiva para cada candidato, tornando fundamental a seleção de nomes fortes.

A Luta por Cadeiras e a Importância dos Pequenos Candidatos

O histórico das eleições de 2022 mostra que partidos que não estruturaram suas nominatas adequadamente perderam cadeiras importantes. O caso de Rodrigo Rollemberg (PSB) e Roney Nemer (PP), que tiveram votações expressivas (51.926 e 46.151 votos, respectivamente) mas não foram eleitos, ilustra esse risco. Enquanto isso, candidatos com votações menores, como Fraga (28 mil votos) e Gilvan Máximo (21 mil votos), garantiram suas vagas pelo PL e Republicanos. Na esfera da disputa para Deputado Federal, candidatos de 10 mil a 20 mil votos são muito interessantes para compor as nominatas que já tem os cabeças definidos.

No âmbito distrital, partidos como Republicanos (Delmasso com 23 mil votos) e PSD (Cláudio Abrantes com 20 mil votos) perderam suas segundas cadeiras. Já o União Brasil, por falta de pouco mais de 100 votos, não conseguiu sua segunda cadeira, mesmo tendo Daniel Radar com quase 12 mil votos.

Os grandes nomes da nominata, aqueles com votação acima de 15 mil votos, precisam assumir certo risco para garantir suas cadeiras. Candidatos com votações entre 6 mil e 15 mil votos, como Tabanez e Milene Câmara, agregam peso à chapa, mas também aumentam a concorrência interna, podendo ameaçar os líderes. A estratégia mais inteligente para esses candidatos de ponta é compor a nominata com nomes fortes, mas que dificilmente ultrapassem a marca dos 15 mil votos, garantindo um equilíbrio que maximize as chances do grupo como um todo.

A estratégia para 2026 será clara: os partidos precisarão trabalhar com uma nominata equilibrada, apostando não apenas em grandes nomes, mas também em candidatos que somam votos e ajudam a atingir o QE. Candidatos com votações entre 2 mil e 6 mil votos têm papel essencial nesse cálculo, servindo como base para que os partidos não desperdicem votos.

Estratégia para 2026: Formação de Times Competitivos

Os partidos precisarão estruturar suas nominatas ainda em 2025, garantindo que todos os candidatos tenham condições de crescer eleitoralmente. A lógica é simples: os grandes nomes precisam de uma base de candidatos menores que somem votos sem ultrapassá-los em expressividade.

Exemplos de nomes com votação significativa e potencial de crescimento, incluem:

  • Hamilton Tatu (União) – 6.496 votos
  • Comandante Genilson (PL) – 6.489 votos
  • Leandro Hungria (Patri) – 6.041 votos
  • Major Michello (Republicanos) – 5.944 votos
  • Gustavo Aires (MDB) – 5.207 votos
  • Ericka Filippelli (PTB) – 4.734 votos
  • Ravan Leão (Agir) – 4.254 votos
  • Salve Jorge (Patri) – 4.705 votos
  • Bispo Weldo (PMN) – 3.937 votos
  • Letícia Sampaio (União) – 3.896 votos
  • Paulo Roriz (PTB) – 3.335 votos
  • Estevão Reis (PP) – 2.914 votos
  • Dr. Getúlio (Novo) – 2.344 votos
  • Mauricio Pardal (PSC) – 2.016 votos

Oportunidade de Crescimento dos Partidos

Os partidos que estruturarem bem suas nominatas podem aumentar sua representatividade. União Brasil, Republicanos, PSB, PSD, Psol/Rede, Agir, PSDB/Cidadania e Avante têm potencial para ampliar suas bancadas na Câmara Legislativa se ajustarem suas estratégias corretamente.

Atualmente, a maior bancada na CLDF é do PL, com quatro deputados, seguida pela Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV) e MDB, com três cada. Psol/Rede, PSD, Agir e PP possuem dois deputados cada, enquanto PSB, PMN, União Brasil, PSDB/Cidadania, Republicanos e Avante contam com apenas uma cadeira.

Na disputa pela Câmara Federal, a competição será ainda mais acirrada. Será essencial fortalecer e, em alguns casos, remanejar candidatos para aumentar as chances de sucesso. Partidos como PSB, PP, PSD e União Brasil precisarão de uma estratégia bem estruturada e um grande esforço para conquistar uma das oito cadeiras disponíveis em 2027.

Conclusão

A preparação para as eleições de 2026 no Distrito Federal já começou e exigirá dos partidos um enfoque criterioso na seleção e fortalecimento de seus candidatos. O jogo legislativo é de time, lembrem-se disso. Os ajustes serão fundamentais, especialmente com a identificação daqueles que não apresentaram bom desempenho até a véspera do prazo de filiação, tanto em pesquisas quanto em crescimento nas redes sociais, fator relevante que precisa ser considerado. Esses candidatos subvertidos por suas próprias projeções precisarão de redefinições estratégicas, enquanto os partidos devem se voltar para novos rostos promissores, aptos a fechar uma nominata competitiva.

Contudo, a introdução de candidatos de última hora pode representar um custo elevado para os partidos, potencialmente prejudicando negociações e acordos já estabelecidos. Na arena eleitoral de 2026, o sucesso será amplamente determinado pela capacidade dos partidos de maximizar o potencial dos candidatos que recebem entre 2 mil a 6 mil votos. Apesar de menos conhecidos, esses candidatos desempenham um papel vital na construção de nominatas robustas que possam alcançar o quociente eleitoral necessário, garantindo assim uma presença expressiva nas futuras legislaturas.

A principal lição para 2026 é inequívoca: não há espaço para armadorismo na formação das nominatas. Cada candidato deve ser escolhido com estratégia, visando não apenas participar, mas somar votos cruciais para atingir o QE. O trabalho começa efetivamente em 2025, com um empenho sistemático na seleção e desenvolvimento de candidatos capazes de contribuir de forma significativa para a obtenção de cadeiras. Ignorar essa estratégia pode levar à repetição dos equívocos históricos e à perda de espaço valioso nas casas legislativas.

João Renato B. Abreu, Policial Penal – DF, mestre em direito e políticas públicas, pós-graduado em direito penal e controle social, coordenador do NISP – Novas Ideias em Segurança Pública, membro do Movimento Policiais Livres e do Movimento Desperte, faixa preta de jiu jitsu e autor do livro: Plea Bragaining?! Debate legislativo – Procedimento abreviado pelo acordo de culpa.

João Renato em frente ao STF

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