A Importância Ignorada: Um Olhar Filosófico Sobre a Câmara Legislativa do DF

E Vivemos tempos em que a crítica ao sistema político é a moeda corrente, mas nem sempre com a profundidade que a questão exige. Muitos, na pressa de encontrar culpados para os desafios do Distrito Federal, sugerem até o fim da Câmara Legislativa. Mas será que, ao pregar o fim desse pilar essencial da democracia local, estamos apenas atirando no mensageiro, sem entender sua real função?

A Câmara Legislativa do DF é muito mais do que um palco de disputas políticas; ela é o coração do debate sobre o futuro de nossa cidade. É ali que são discutidas e aprovadas as leis que definem desde o orçamento até as políticas públicas que afetam a educação, saúde, segurança e transporte. Sem ela, o cidadão comum perderia a voz no jogo político. É ela que traduz as demandas das comunidades em ações concretas.

A cegueira democrática

O filósofo Ortega y Gasset, ao falar sobre a “rebelião das massas”, apontava que o desinteresse coletivo em compreender os pilares do poder é um sintoma de uma sociedade que terceiriza suas responsabilidades. Muitos veem a CLDF apenas como um antro de interesses pessoais, ignorando o trabalho de deputados que se dedicam, muitas vezes silenciosamente, a causas fundamentais.

Se há falhas – e elas existem, como em qualquer sistema humano – a solução não é extinguir o parlamento, mas exigir transparência, fiscalização e participação cidadã. O parlamento local é o reflexo da sociedade; se queremos melhorá-lo, devemos começar pelo espelho.

Quem realmente trabalha?

Em tempos de crise institucional, é fácil confundir a árvore pelo bosque. Alguns deputados são alvos de críticas, enquanto outros trabalham incansavelmente para atender as demandas das cidades-satélites, trazer melhorias para hospitais, escolas e segurança pública. Mas quem presta atenção neles? Quem realmente acompanha as sessões, lê projetos de lei ou se envolve nas audiências públicas? A política de verdade acontece nos bastidores, no suor das comissões e no embate de ideias.

Desafiar a indiferença

Se a Câmara Legislativa fosse extinta, o que restaria? A centralização do poder no Executivo? Um Distrito Federal regido por decretos, sem o filtro do debate público? A história nos ensina que democracias enfraquecem quando as pessoas abdicam de espaços de representação. A CLDF pode não ser perfeita, mas é imprescindível. Ela não é o problema – a indiferença cidadã e a falta de engajamento, sim.

A arte de observar o essencial

Assim como um rio é vital para a vida ao seu redor, a Câmara Legislativa é o canal pelo qual o poder público e as necessidades populares se encontram. Mas para enxergar sua importância, é preciso olhar além das manchetes, perceber quem são os verdadeiros trabalhadores da política e distinguir entre o barulho vazio e o esforço silencioso.

Como cidadãos, nossa tarefa é vigiar, sim, mas também reconhecer e valorizar quem transforma demandas em ações, quem luta pelo bem comum e quem entende que o papel do parlamento é ser a ponte entre os sonhos coletivos e as realidades administrativas.

Reflexão final

A Câmara Legislativa é o espelho de nossa sociedade, com todas as suas virtudes e falhas. Se queremos um parlamento melhor, devemos ser cidadãos melhores. Afinal, como já dizia Aristóteles, “o homem é um animal político”. Extinguir a política local não é a solução; a verdadeira mudança começa na consciência de cada cidadão sobre seu papel no todo.

Talvez esteja na hora de parar de demonizar o parlamento e começar a observar quem realmente faz a diferença. Porque, no final das contas, a democracia é feita por todos nós, e seu sucesso depende de nossa vigilância e participação ativa.

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