- Por João Renato
Grupo confirma que a tabulação de dados da AltaVista mostra vitória de Edmundo González, enquanto Maduro manda prender chefe de campanha da oposição; María Corina solicita intervenção internacional contra a repressão do regime.
Acadêmicos e pesquisadores divulgam um documento em defesa de um estudo que contesta os resultados oficiais das recentes eleições na Venezuela. Em uma carta publicada nesta quarta-feira (7), o grupo reconhece a tabulação de dados feita pela AltaVista, que aponta Edmundo González como o verdadeiro vencedor da eleição presidencial, com 66% dos votos, em vez de Nicolás Maduro, como anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral. Esse resultado é corroborado por levantamentos realizados pela Associated Press, pelo The Washington Post e pesquisas de boca de urna.
Na mesma linha, o documento destaca a crescente escalada autoritária na Venezuela, e apela à comunidade internacional para que reconheça a vitória de González como um reflexo da vontade popular, e ajude a promover uma transição democrática pacífica.
Enquanto isso, Nicolás Maduro está intensificando suas ações autoritárias. Na segunda-feira (5), o presidente venezuelano anunciou que vai “romper relações” com o WhatsApp, alegando que o aplicativo é utilizado por grupos fascistas para ameaçar o país. Maduro também pediu aos venezuelanos que deixem de usar o aplicativo, que pertence à Meta, controladora do Facebook.
Além disso, a repressão contra a oposição continua. Na terça-feira (6), María Oropeza, chefe de campanha do partido de oposição Vente Venezuela, foi detida por agentes do governo em Guanare. A prisão foi anunciada por María Corina Machado, líder do partido, que destacou em suas redes sociais que Oropeza foi detida arbitrariamente, sem ordem judicial, e que a integridade da oposicionista está em risco.
O comitê de direitos humanos do Vente Venezuela alertou a comunidade internacional sobre a situação e cobrou pela integridade física de Oropeza. A repressão é parte de um padrão mais amplo; Maduro anunciou na quinta-feira (1) que 1.200 pessoas foram presas por participarem de protestos contra os resultados eleitorais. María Corina Machado, em artigo publicado no Wall Street Journal, expressou temor pela própria segurança e mencionou que está escondida.
Adicionalmente, há uma crescente preocupação com a postura do Brasil em relação à crise na Venezuela. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tem evitado se manifestar sobre o assunto, o que levanta alarmes devido à sua proximidade com o regime de Maduro. Isso coloca o Brasil em uma posição delicada e pode impactar a percepção internacional do país, uma vez que Blinken, chefe da diplomacia americana, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, dizem estar prontos para apoiar retorno à democracia na Venezuela.
Para o Professor Vitelio Brustolin, em entrevista a CNN Brasil, o Brasil reconhece tacitamente Nicolás Maduro como presidente.
O Maduro, na última sexta-feira (2), agradeceu o Lula por comunicado conjunto com Colômbia e México: ‘Muito bom’. “Os presidentes Lula, Petro e López Obrador estão trabalhando juntos para que se respeitem a Venezuela, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo”, respondeu.
Esses eventos ressaltam uma preocupação maior com o avanço de regimes autoritários, um problema que não se limita apenas à Venezuela, mas também pode ser visto em outros países, incluindo o Brasil, onde a repressão política e a prisão de opositores ocorreram em períodos de instabilidade. O alerta é claro: a liberdade requer vigilância constante, e a defesa dos direitos democráticos deve ser uma prioridade para garantir que a voz do povo não seja silenciada.
*João Renato B. Abreu, Policial Penal – DF, mestre em direito e políticas públicas, pós-graduado em direito penal e controle social, coordenador do NISP (Novas ideias em segurança pública), membro do Movimento dos Policiais Livres – MPL, faixa preta de jiu jitsu e autor do livro: Plea Bragaining?! Debate legislativo – Procedimento abreviado pelo acordo de culpa.