A velha máxima da política
Aprendi uma coisa nesses 14 anos cobrindo política, desde que fundei o site Rádio Corredor, lá em abril de 2011: na política, os ricos sempre mandam. Ponto.
A tal “elite” que tantos demonizam é o combustível que move boa parte do tabuleiro político. Em época de eleição, há sempre uma caça aos ricos — mas a verdade é dura: o pobre, na maioria das vezes, não vota em pobre.
Quem se diz líder, invariavelmente, procura um rico para chamar de seu.
Não tenho sentimentos em relação a isso. Observo, estudo e analiso como um fenômeno social e eleitoral.
O herdeiro que decidiu disputar o jogo
André Kubitschek, filho do empresário e bilionário Paulo Octávio, entrou na política em 2022.
Na primeira eleição, conquistou cerca de 20 mil votos para deputado federal, um número expressivo para um estreante.
Foi uma eleição confusa, com novas regras, disputas fragmentadas e dificuldade de leitura do cenário. Ainda assim, foi uma experiência de aprendizado.
Agora, aos 32 anos, André ocupa o cargo de secretário da Juventude do DF e se prepara para encarar novamente as urnas.
Hora de construir a própria identidade
Agora falo como consultor involuntário de André.
O principal desafio dele é ter uma identidade própria.
Ser filho de Paulo Octávio abre portas — e isso é ótimo —, mas o eleitor de hoje quer mais: quer autenticidade, personalidade e presença.
O impulso inicial já foi dado. Agora falta o André político, o que pisa no barro, o que fala com o povo, o que mostra que sabe jogar o jogo.
O desafio da nominata
Se de fato disputar uma vaga de deputado distrital, André precisa negociar sua própria nominata.
O PSD-DF tem tubarões da política, como Jorge Vianna, Robério Negreiros e Cláudio Abrantes.
Nominata esvaziada é derrota certa.
Na conta política atual, 25 mil votos é o mínimo para chegar lá.
E para alcançar esse número, é preciso estratégia, narrativa e presença constante no campo.
Quem é André Kubitschek, afinal?
O que ele come, onde vive, o que pensa, o que o move?
Na política, quem não tem personalidade vira planta — e planta, no asfalto, não sobrevive.
André precisa deixar de ser apenas “o filho de Paulo Octávio” e se tornar André Kubitschek, o político com luz própria.
O tamanho do desafio
O pobre quer um rico para chamar de seu — e o eleitor quer alguém grande ao seu lado.
André já é grande por origem, mas agora precisa ser gigante por mérito e trajetória.
O sobrenome abre a porta, mas é o carisma e o suor que mantêm a sala iluminada.
Conversar com políticos que entendem o voto de rua, como Joaquim Roriz Neto e Eduardo Pedrosa, pode ajudá-lo a lapidar essa identidade.
Moral da história
Este texto talvez só será entendido se for lido dez vezes.
Os emocionados não captarão uma linha sequer.
Mas quem entende política de verdade vai perceber o que está nas entrelinhas.
Quem tem olhos, veja.