Crivo da CLDF

A decisão do Banco de Brasília (BRB) de adquirir 49% das ações ordinárias do Banco Master gerou grande repercussão na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nesta terça-feira (1º). A compra foi aprovada pelo conselho de administração do BRB na última sexta-feira (28), mas a operação agora enfrenta forte resistência de parlamentares que exigem a participação da CLDF na decisão, devido ao envolvimento de recursos públicos.

O deputado Chico Vigilante (PT) foi um dos principais críticos à operação. Ele levantou questionamentos sobre o valor oferecido pelo BRB, que teria pago R$ 2 bilhões pelo Banco Master, enquanto o BTG, outro banco interessado, estava disposto a adquirir a instituição por apenas R$ 1. Vigilante considerou a negociação uma “temeridade” e anunciou que tomaria providências, incluindo o acionamento do Banco Central para investigar o processo. “O BRB não pode ser hospital de banqueiro falido”, afirmou.

Já o presidente da CLDF, Wellington Luiz (MDB), defendeu que a compra passasse pelo crivo do Poder Legislativo, destacando a importância da transparência no processo. “A CLDF cumprirá o seu dever, garantindo segurança e clareza para a população sobre essa transação”, disse.

O deputado Gabriel Magno (PT) também questionou a legalidade da operação, citando a Lei Orgânica do DF, que exige autorização legislativa para a compra de ativos dessa magnitude. Magno afirmou que a operação poderia ser o “maior escândalo” da história do DF e revelou que já havia protocolado representações no Tribunal de Contas do DF (TCDF), na Comissão de Valores Mobiliários, no Banco Central e no Ministério Público Federal, pedindo a suspensão da compra.

Para o deputado Max Maciel (Psol), os R$ 2 bilhões investidos poderiam ser usados de forma mais proveitosa para o desenvolvimento do DF. Ele sugeriu que esse valor poderia ser aplicado na construção de escolas, hospitais, UPAs, terminais rodoviários e outros investimentos necessários para a melhoria da qualidade de vida da população do DF. “A CLDF tem legitimidade para debater os rumos do BRB e avaliar se essa operação é realmente benéfica para a nossa cidade”, afirmou.

A deputada Paula Belmonte (Cidadania) reforçou a necessidade de o presidente do BRB, Paulo Henrique Bezerra Rodrigues Costa, comparecer à CLDF para explicar os detalhes da operação. O presidente do banco já confirmou presença para uma audiência na próxima segunda-feira (7), quando esclarecerá todos os pontos da transação.

Por sua vez, o deputado Fábio Félix (Psol) expressou suspeitas sobre o real objetivo da operação. Félix questionou se a aquisição do Banco Master fazia parte do plano de negócios do BRB e sugeriu que poderia haver uma manobra para “estatizar a dívida” e beneficiar os donos do banco. Ele destacou que, enquanto a Caixa Econômica Federal se recusou a adquirir o Banco Master devido a pareceres técnicos, o BRB estava avançando com um valor significativamente maior.

Em defesa da operação, o líder do governo na CLDF, deputado Hermeto (MDB), tranquilizou os colegas, afirmando que a compra ainda não foi concluída. Hermeto ressaltou que o presidente do BRB irá esclarecer todos os detalhes da operação na próxima reunião e pediu paciência para que a medida fosse explicada de forma adequada. “Nada foi concluído ainda. O presidente do BRB vai vir aqui para mostrar claramente a transação”, garantiu o líder do governo.

Autor