O processo de privatização da Companhia Energética de Brasília (CEB) foi tema de audiência pública virtual da Câmara Legislativa na noite desta quinta-feira (5). Convidados para o debate, representantes do governo e da direção da estatal – os quais estão à frente da venda da empresa – não compareceram ao encontro. A audiência foi transmitida, ao vivo, pela TV WEB CLDF e pode ser assistida na íntegra aqui.
Ex-diretor-geral da Agência Nacional de Energia Eletrica (Aneel), Nelson Ubiner defendeu a sustentabilidade da CEB. Para ele, a venda de terrenos da companhia é capaz de quitar a dívida da empresa, estimada em R$ 800 mi: “Eu garanto que, com isso, a CEB está totalmente viável e vai passar recursos de dividendos para o GDF”. Ele negou a necessidade de aportes anuais para a companhia: “Em 2012, o GDF aportou R$ 200 milhões. Naquela época, a empresa estava em situação crítica. Fora esse período, não houve outro aporte”.
Ubiner, que foi ministro de Minas e Energia, reforçou que o setor energético é estratégico, e que a área de distribuição está ligada, intrinsecamente, à política de desenvolvimento regional. Ele lamentou a ausência do Executivo e da CEB na audiência, assim como defendeu a discussão da proposta pela CLDF: “Eu tinha esperança de poder discutir com eles hoje. O governo deveria apresentar as condições e os motivos para privatizar a CEB. Ele tem uma base grande na Casa e poderia aprovar a matéria”.
Falta de respeito e de transparência
“É inadmissível um governo que não respeita o Legislativo e que se nega a fazer o debate conosco”, criticou o deputado Leandro Grass (Rede). Para o parlamentar, a ausência de qualquer representante do governo na discussão revela “falta de compromisso com a transparência”.
A deputada Júlia Lucy (Novo) seguiu na mesma linha: “Meu partido tende a ser favorável às privatizações, mas em momento algum vamos apoiar as feitas de forma açodada, sem transparência e sem discussão”.
No chat do canal do YouTube da CLDF, diversos participantes também criticaram a proposta de privatização e a falta de participação e transparência.