Entre números e poder: a pesquisa que mexe com a política do DF
Há pesquisas que apenas registram números.
E há aquelas que revelam humores, hierarquias e deslocamentos silenciosos de poder.
A mais recente sondagem divulgada pela Revista Veja no Distrito Federal pertence claramente ao segundo grupo. Ela não grita — ela alerta. E, em Brasília, quem ignora alertas costuma pagar caro.
O levantamento do Instituto Opinião mostra vantagem de nomes ligados ao bolsonarismo tanto na corrida presidencial quanto na disputa ao Senado. Mas o dado mais revelador não está apenas em quem lidera — está em quem fica para trás.
Presidência da República: empate técnico, país dividido
No cenário estimulado para a Presidência da República no Distrito Federal, os números são:
- Flávio Bolsonaro (PL) – 31%
- Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – 29%
- Ronaldo Caiado (União Brasil) – 12%
- Romeu Zema (Novo) – 3%
- Ratinho Júnior (PSD) – 3%
📌 Margem de erro: 3 pontos percentuais.
Leitura política
O empate técnico entre Flávio Bolsonaro e Lula no DF revela um eleitorado polarizado, porém atento. Em Brasília, o voto raramente é apenas emocional; ele costuma ser institucional, simbólico e estratégico.
Flávio aparece como herdeiro de um capital eleitoral que resiste ao desgaste do tempo. Lula, embora competitivo, enfrenta no DF um ambiente historicamente mais desconfiado do governo federal.
Senado: Michelle lidera e redefine o tabuleiro
Na disputa ao Senado pelo Distrito Federal, o desenho é mais nítido:
- Michelle Bolsonaro (PL) – 36%
- Ibaneis Rocha (MDB) – 27%
- Erika Kokay (PT) – 23%
- Leila do Vôlei (PDT) – 23%
- Bia Kicis (PL) – 12%
- Reguffe (União Brasil) – 11%
Michelle Bolsonaro lidera com folga. No DF, isso significa capacidade de puxar discurso, alianças e palanque. Ela surge menos como candidata isolada e mais como símbolo político consolidado, com apelo a um eleitorado conservador e antipetista.
Ibaneis x Bia: quando os números falam sozinhos
Aqui, a pesquisa é objetiva — quase didática.
Ibaneis Rocha aparece com 27%, mais que o dobro de Bia Kicis, que registra 12%.
Não se trata de margem de erro. Trata-se de estatura eleitoral.
Ibaneis surge consolidado, com recall administrativo, base territorial e trânsito político. Bia, apesar da visibilidade nacional e do alinhamento ideológico claro, não converte exposição em densidade eleitoral no mesmo patamar.
Os números indicam, sem rodeios: Ibaneis joga na prateleira de cima da disputa; Bia ainda enfrenta limites de expansão.
O pano de fundo que explica o cenário
- Desaprovação do governo federal no DF: 59%
- Aprovação: 36%
Esse dado funciona como chave de leitura. Ele ajuda a entender por que nomes ligados à oposição nacional performam bem, mas também explica por que experiência administrativa local pesa mais do que discurso ideológico puro quando o eleitor pensa em Senado.
Moral da história
A política do Distrito Federal se comporta como o Lago Paranoá antes da ventania:
a superfície parece calma, mas o vento já começou a soprar.
Essa pesquisa não define 2026, mas desmonta certezas.
Ela lembra à prateleira de cima que cargo não garante voto, barulho não garante liderança e visibilidade não substitui densidade eleitoral.
Em Brasília, quem não interpreta os números
acaba sendo interpretado por eles.
🔎 Acesse a matéria original da Revista Veja:
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