Ideologia pauta a corrida ao Senado no DF em 2026

O eixo ideológico das disputas

As disputas majoritárias no Distrito Federal têm seguido um padrão cada vez mais marcado pela ideologia — e a corrida ao Senado em 2026 não foge à regra. A pesquisa mostra um eleitorado dividido entre direita, centro e esquerda, onde os candidatos se firmam mais por seus campos políticos do que por apoios pessoais.

Cenário Geral – A fotografia inicial

No primeiro voto, Michelle Bolsonaro lidera com 35,4%, capitalizando quase todo o eleitorado de direita (73,1%). Em seguida aparecem Ibaneis Rocha (19,4%), Erika Kokay (18%) e Leila Barros (12,2%).

Mas quando se observa a dupla escolha (soma de primeiro e segundo votos), o cenário se equilibra:

  • Michelle Bolsonaro: 22,5%

  • Ibaneis Rocha: 21,6%

  • Leila Barros: 17,4%

  • Erika Kokay: 14,6%

Esse dado é revelador: Michelle concentra força no primeiro impulso, mas não cresce no segundo voto, ao contrário de Ibaneis e Leila, que avançam justamente nesse espaço.

O peso do segundo voto

Isolando apenas o segundo voto, Ibaneis Rocha (23,8%) e Leila Barros (22,7%) aparecem à frente, mostrando capacidade de expansão. Michelle Bolsonaro cai para 9,6%, sinal de que sua candidatura é fortemente ideológica e tem dificuldade de atrair além da base consolidada.


Onde cada candidato é mais forte
  • Michelle Bolsonaro vence em Vicente Pires (32,1%), Arapoangas (28,6%) e Cruzeiro (30%), redutos conservadores.

  • Ibaneis Rocha domina em Planaltina (30,6%), Itapoã (23,8%) e Paranoá (30,6%), regiões periféricas onde sua gestão é mais lembrada.

  • Leila Barros surpreende no Plano Piloto (30,3%) e Núcleo Bandeirante (27,3%), locais críticos ao bolsonarismo.

  • Erika Kokay aparece bem em Planaltina (25%) e Santa Maria (17,2%), reforçando a base da esquerda.

Também chama atenção o alto índice de nulos e indecisos em Taguatinga (36,4% de nulos) e Santa Maria (13,9% de indecisos), mostrando espaço de conquista ainda aberto.


Cortes ideológicos, sociais e educacionais
  • Michelle Bolsonaro: força concentrada na direita (73,1%), apoio entre classes altas (A e B) e eleitores com nível superior.

  • Ibaneis Rocha: equilíbrio entre centro (12,8%) e direita (48,7%), destaque entre analfabetos (25,4%) e fundamental (24,2%).

  • Leila Barros: dividida entre centro (13,5%) e esquerda (30,1%), cresce no segundo voto e tem apelo em redutos urbanos.

  • Erika Kokay: concentrada na esquerda (43,4%), com eleitorado fiel de perfil universitário.

No recorte por sexo, Michelle e Ibaneis aparecem mais fortes entre homens (25,2% e 25,3%, respectivamente), enquanto Leila (18,1%) e Erika (15,7%) equilibram melhor entre mulheres.


Governo e contexto nacional

A avaliação do GDF mostra 37,5% de aprovação, 27,1% de rejeição e 34,5% regular. Esse último grupo será decisivo para Ibaneis, que depende de converter a percepção de “gestão mediana” em votos.

Já a aprovação de Lula oscila de 81,8% no Sudoeste/Octogonal a apenas 13,3% na Estrutural/SCIA. Essa polarização ajuda Erika Kokay em áreas ligadas à esquerda, mas também limita sua expansão em regiões de forte rejeição ao petismo.


Moral da História

O Senado do DF em 2026 não será decidido apenas por nomes, mas pela capacidade de cada candidatura de romper barreiras ideológicas. Michelle Bolsonaro lidera porque concentra a direita, mas encontra dificuldades para crescer fora desse nicho. Ibaneis Rocha surge como o candidato mais competitivo, equilibrando centro e periferia ideológica. Leila Barros e Erika Kokay mantêm nichos sólidos, mas precisam dialogar além da bolha.

Em resumo: a eleição será definida no segundo voto, pelo eleitorado que ainda busca um nome capaz de transitar entre ideologias. No quadradinho, quem ficar preso à sua trincheira arrisca perder espaço no momento decisivo.

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