A resistência à entrada do BRB (Banco de Brasília) na disputa pela compra do Banco Master pode ter uma explicação que vai além das razões técnicas ou de mercado: o interesse direto do empresário Joesley Batista na operação. Apontado como próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Joesley já estaria em negociação com o atual dono do Master, Daniel Vorcaro, para adquirir ativos que não fazem parte dos planos do BRB na transação.
O movimento levanta suspeitas sobre a real motivação dos ataques contra o banco público brasiliense.
A operação do BRB no negócio desagradou não apenas a parte da base governista, mas também outro bilionário próximo ao Planalto: André Esteves, dono do BTG Pactual, que, segundo fontes do mercado, teria atuado nos bastidores para evitar que o banco brasiliense concluísse a compra. Esteves chegou a pagar um preço alto por sua proximidade com o poder: foi preso por 28 dias em 2015, acusado de tentar interferir em investigações da Lava Jato, mas acabou sendo inocentado com o arquivamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal em 2018.
A possível entrada de Joesley no controle do Master reacende a polêmica em torno de seu histórico. Em 2017, ele protagonizou uma das delações mais explosivas da Operação Lava Jato, afirmando ter pago cerca de US$150 milhões em propina a Lula e Dilma Rousseff, com depósitos na Suíça. Apesar do escândalo, a relação entre Joesley e o entorno do presidente parece ter se reconstituído durante o atual governo.
Joesley e seu irmão Wesley são os controladores da holding J&F, que mantém sob seu guarda-chuva empresas como a JBS e o Banco Original, o que reforça o interesse estratégico do grupo no setor financeiro.
A entrada do BRB no negócio representaria um novo capítulo na disputa por espaço no mercado bancário nacional — e, pelo visto, também um embate de bastidores entre pesos-pesados com trânsito no Palácio do Planalto.