*Por João Renato
Após sucessivos atrasos, a inauguração do primeiro viaduto da região do Jardim Botânico, na interligação entre a DF-035 e a DF-001, está cada vez mais incerta. Inicialmente prevista para janeiro de 2024, a obra, que começou em janeiro de 2023, teve sua conclusão prorrogada para julho de 2024 e, posteriormente, para agosto. Agora, sem nova previsão oficial, a comunidade local expressa frustrações e preocupações em relação à eficácia da solução viária.
O viaduto, localizado nas proximidades da QI 23 do Lago Sul e da Escola Superior de Guerra (ESG), foi projetado para aliviar o intenso fluxo de trânsito que há anos assola a região, mas, ao que tudo indica, essa melhoria está longe de ser sentida pelos moradores e comerciantes locais. Além disso, a passarela que integra o projeto tem sido alvo de críticas devido à sua localização, que, segundo os habitantes, não atende às necessidades reais dos pedestres.
Críticas à Passarela e Impacto no Comércio
Sônia Lopes, dona de um salão de beleza na região, expressou a sua decepção em relação ao projeto: “O crescimento populacional aqui foi muito rápido. O viaduto não resolve o problema, ele só empurrou o engarrafamento para o balão de São Sebastião”, afirmou. Ela também destacou como o trânsito caótico tem impactado diretamente seu negócio: “Muitas pessoas estão preferindo estacionar e esperar o trânsito acabar, o que faz com que o estacionamento disponível seja insuficiente para a quantidade de veículos.”
A localização da passarela, a cerca de 500 metros do principal fluxo de pedestres, também é uma questão sensível para os comerciantes. Sônia acredita que a estrutura, além de inconveniente, impacta diretamente seus colaboradores, que precisam percorrer uma longa distância para atravessar a via. “O DER deveria ter feito uma passarela suspensa para que não prejudicasse o trânsito”, sugere.
Consequências para o Trânsito e a Segurança
Além das dificuldades enfrentadas pelos pedestres, a comunidade teme que a instalação de novos semáforos nas marginais do viaduto piore a situação do trânsito. Para Agnaldo, morador de São Sebastião e usuário diário da DF-035, as promessas de melhoria no fluxo não se concretizaram. “Esperamos por dois anos com a expectativa de que o viaduto ajudaria, mas agora, com essa passarela e os semáforos, parece que o problema só vai piorar.”
A insegurança dos pedestres é outra preocupação. A longa distância para acessar a passarela pode levar muitos a optarem por atravessar a via diretamente, expondo-se a riscos. O Movimento Comunitário do Jardim Botânico (MCJB) alertou o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) sobre essa situação desde 2015, sugerindo a instalação de passarelas subterrâneas como uma solução mais eficaz.
Além disso, existe a reclamação dos moradores do Jardins Mangueiral que não existe a ligação da ciclovia do Jardim Botânico até o bairro.
Opiniões Divergentes
Apesar das críticas, há quem veja a obra com otimismo. Geovane, proprietário do bar Sai da Toca, está confiante de que o viaduto trará benefícios para seu deslocamento entre o Jardim Botânico e o Altiplano Leste. “Estou ansioso para a inauguração. Acredito que vai melhorar bastante a fluidez do trânsito”, afirmou.
No entanto, a maioria da comunidade local ainda aguarda por soluções que atendam às reais necessidades da região. A obra, que já foi adiada diversas vezes, parece ser apenas uma parte do quebra-cabeça viário do Jardim Botânico. Sem intervenções complementares, como a construção de novas vias e a adequação dos balões que dão acesso a São Sebastião e ao Jardins Mangueiral, o congestionamento crônico da DF-001 e DF-035 pode persistir.
Aumento da Demanda com Novos Empreendimentos: Reserva Jardim Botânico e Setor Habitacional Dom Bosco
Com a criação dos empreendimentos Reserva Jardim Botânico e o Setor Habitacional Dom Bosco, a região do Jardim Botânico enfrenta um aumento significativo na demanda por infraestrutura viária. Esses novos projetos habitacionais prometem trazer milhares de novos moradores, intensificando ainda mais o fluxo de veículos em uma área que já sofre com problemas de congestionamento.
A expectativa é que a chegada desses empreendimentos aumente drasticamente o número de carros circulando nas principais vias da região, especialmente na DF-001 e DF-035, tornando ainda mais urgente a necessidade de soluções viárias eficazes. Sem intervenções adicionais, como a ampliação de vias, criação de novas rotas de fuga e melhorias nos acessos, o tráfego poderá se tornar insustentável, prejudicando ainda mais o deslocamento de moradores e o funcionamento do comércio local.
Além disso, a crescente densidade populacional reforça a necessidade de planejamento urbano adequado para garantir a segurança dos pedestres e ciclistas, além de criar alternativas de transporte público mais eficientes, que possam aliviar a pressão sobre o trânsito da região.
A população clama por uma resposta mais abrangente, que vá além da simples entrega do viaduto. O governo já sinalizou que outras obras estão previstas, mas enquanto isso, o tráfego continua a impactar negativamente o comércio e a rotina dos moradores. A inauguração do viaduto e da passarela é apenas o início de um debate que, ao que tudo indica, está longe de acabar.
* João Renato B. Abreu, Policial Penal – DF, mestre em direito e políticas públicas, pós-graduado em direito penal e controle social, coordenador do NISP – Novas Ideias em Segurança Pública, faixa preta de jiu jitsu e autor do livro: Plea Bragaining?! Debate legislativo – Procedimento abreviado pelo acordo de culpa.
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