“Nada ensina mais que perder”: Júlia Lucy fala sobre política, bastidores e sua reinvenção com Cláudio Dantas

ENTREVISTA — JÚLIA LUCY
Uma convidada em alta — bastidores e opinião

“Entre a política e a reinvenção”

Conversamos com Júlia Lucy e encontramos uma política e profissional reinventada. Hoje, ela é uma das estrelas do Programa Político de Cláudio Dantas e enxerga a política com a experiência de quem apanhou, aprendeu e voltou mais forte. Ela mesma não concorda, mas registro aqui: caberia muito bem como deputada federal, desde que um partido invista de verdade nela. Na internet, ganha espaço com conteúdo consistente e opiniões políticas assertivas — e, sem mandato, já é nome forte da política do DF.

Rádio Corredor / Política do Bem — Conversamos com Júlia Lucy, ex-deputada distrital, comentarista e articulista política.

Reinventada, ela fala de bastidores, do preço da coerência, da virada na comunicação e do que espera de 2026. Ela deu entrevista para Déde Roriz e quem vos escreve também fez parte da bancada

Rádio Corredor — Você saiu da Câmara e virou referência em análise política. Quem é a Júlia Lucy hoje?

Júlia Lucy — Uma profissional reinventada. Aprendi com a derrota, ganhei fôlego na comunicação e sigo fiel a princípios. Sem mandato, mas com voz — e agenda cheia.

RC — Você se definia como “loba solitária”. Isso atrapalhou ou ajudou?

JL — Atrapalha no curto prazo, ajuda no longo. Eu negociava projeto a projeto e cumpria palavra. Deu trabalho, mas aprovei tudo que quis — e isso gera respeito.

RC — O ambiente da CLDF ainda é hostil às mulheres?

JL — É. A política cobra uma postura classificada como “masculina”. Ser firme sem perder a civilidade é ginástica diária. E o julgamento é mais duro para nós.

RC — 2022 foi o divisor de águas. Qual a lição número 1?

JL“70% de uma eleição é estar no partido certo.” Eu tripliquei votos em números absolutos, mas a polarização e a sigla pesaram.

RC — Você foi expulsa do Novo e depois foi para o União Brasil. O que deu errado?

JL — Timing. O eleitor de direita queria “22” no número; a esquerda não votaria no União. Fiquei entre mundos. O voto que tive foi pessoal, não de legenda.

RC — Princípios x pragmatismo: dá para equilibrar?

JL — Tem preço dos dois lados. Vencer exige adaptação; perder pode preservar identidade. Minha régua é: não negocio coerência — negocio texto de projeto.

Julia Lucy, Bia Kicis e Cláudio Dantas
RC — Você falou no ar, na Jovem Pan, o que achava de 8/1 — e saiu. Arrependeu?

JL — Não. Eu sabia o custo. Falei com base técnica. Comunicação tem poder e responsabilidade. Preferi pagar o preço.

RC — A virada para comunicação: por que deu tão certo?

JL — Foco, constância e pauta. Trago olhar econômico pra política e tradução clara. Nas redes, clareza vence jargão.

RC — Como é trabalhar com o jornalista Cláudio Dantas?

JL — É um aprendizado diário. O Cláudio tem memória privilegiada da política brasileira e uma forma única de conduzir entrevistas. Ele junta rigor jornalístico com experiência de bastidor. Trabalhar com ele é, ao mesmo tempo, desafiante e estimulante. Ele cobra clareza, rapidez e consistência, mas também abre espaço para quem tem conteúdo. Isso me fez crescer como comunicadora.

RC — 2026: distrital ou federal?

JL99% de chance de disputar. Coração dividido: a base empurra para distrital; a projeção nacional puxa para federal. Vou decidir com pesquisa e cálculo de legenda.

RC — Quem são os players do Buriti?

JLCelina Leão tem articulação ímpar. Leandro Grass tende a herdar o eleitorado de esquerda e a rejeição antipetista. Cappelli não vejo consolidado. Rafael Prudente não está fora do jogo. Paula Belmonte é afinidade pessoal e de pauta.

RC — Você apoiaria Celina?

JLSe estivermos na mesma coligação, sim.

RC — O preço humano do mandato: o que não aparece no vídeo?

JLEstresse crônico, desgaste físico, cobranças simultâneas. Aprendi a impor limites e cuidar da saúde. Política sem autocuidado cobra caro.

RC — Renovação na política ainda é possível?

JL — Mais difícil, mas possível. As regras desestimulam novatos, especialmente homens; partidos fazem conta de voto. A saída é base real + partido certo.

RC — Conselho para quem quer começar?

JLDefina princípios, estude regra eleitoral, escolha legenda pela matemática (não pela torcida) e aprenda a comunicar emoção — técnica sozinha não elege.

RC — Se pudesse resumir sua trajetória em uma frase?

JL“Nada ensina mais que perder.”

Ping-pong (respostas em uma linha)
  • Partido em 2026: União Brasil (hoje).
  • Prioridade no Congresso: regras e economia real.
  • Qualidade que mais ajuda na política: cumprir palavra.
  • Defeito que mais atrapalha: romantizar o jogo.
  • Aliado improvável que respeita: quem discorda, mas joga limpo.
  • Uma bandeira inegociável: liberdade com responsabilidade.
  • Um recado ao eleitor: cobre com firmeza e vote com a cabeça, não com a raiva.
  • Uma certeza: coerência dá trabalho, mas dorme em paz.
🎙️ ASSISTA AO PODCAST – POLÍTICA DO BEM
Curtiu a entrevista? Os bastidores completos dessa conversa com Júlia Lucy estão no nosso podcast. Dê o play e acompanhe os melhores cortes nas redes da Rádio Corredor e do Portal Política do Bem.

 

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