Narcisismo, ego e armas: a política às avessas no DF

Estamos em ano pré-eleitoral, e como sempre acontece no Distrito Federal, a temperatura política começa a subir aos poucos.

No campo majoritário — a chamada prateleira de cima — ainda há certa estabilidade, poucas alfinetadas e movimentos discretos. Mas, na base, nas cidades satélites, o cenário é outro: a disputa já começa a ganhar contornos de rivalidade pessoal e, em alguns casos, beira o irracional.

Entrar na política é legítimo. Faz parte da democracia. Não há crítica nisso — ao contrário, é até salutar.

O problema está no “como” e no “a qualquer custo”. Há quem queira se projetar rivalizando diretamente com políticos estabelecidos. Em alguns casos, essa estratégia até dá certo, mas na maioria das vezes, termina em derrota.

Hoje, com redes sociais, likes e curtidas se confundem com votos.

Muitos acreditam que alcance em postagem é suficiente para transformar popularidade digital em representatividade política. Mas a política real exige mais que engajamento de stories: exige trabalho, diálogo e, acima de tudo, responsabilidade.

O caso de Planaltina

Recentemente, o deputado distrital Pedro Paulo Pepa relatou ao Metrópoles um episódio revelador. Um policial civil, morador de Planaltina e com claras pretensões políticas, teria compartilhado em seu direct imagens portando duas armas de fogo.

O personagem em questão, segundo relatos, é autoritário, narcisista e pouco afeito a ser contrariado. Negou que fosse ameaça, mas convenhamos: quem recebe uma mensagem com duas armas na tela do celular não pensa em boas intenções. Uma ameaça não precisa ser escrita. A imagem fala por si.

Aqui, vale inverter a cena: se esse mesmo cidadão recebesse um direct com alguém armado, será que reagiria com a mesma calma que exigiu dos outros?

Faltou humildade, inclusive, para reconhecer o erro.

Em situações assim, um simples pedido de desculpas teria encerrado a polêmica.

Mas não: preferiu a justificativa esbaforida, o discurso agressivo. E, para piorar, com uma trilha sonora estranha de fundo, como se a cena precisasse de mais dramatização.

Política não é palco de ego

A política do DF em 2026 terá de tudo: narcisistas, egos inflados e até sociopatas — sim, por que não? Quem decide, no fim, é o eleitor. Mas é preciso lembrar que mandato não é brinquedo. Mandato é poder, é recurso, é responsabilidade.

Políticos experientes sabem disso, contam com assessorias, estão “vacinados” contra ataques. Já os novatos, quando deixam o ego falar mais alto, acabam arruinando projetos que poderiam ser sérios e consistentes. O caso de Planaltina é exemplo: um projeto até promissor se perde porque o protagonista prefere o holofote ao diálogo.

Moral da história

Entrar na política é legítimo. Ser candidato, oposição, situação — tudo faz parte do jogo democrático. Mas existe uma linha tênue entre firmeza e agressividade, entre coragem e narcisismo, entre engajamento e ameaça velada.

E, no fim, a regra de ouro é simples: se errou, peça desculpas. Se quer entrar na política, entre pelo trabalho, não pela intimidação. E lembre-se: quem tem ouvidos, que ouça; quem tem olhos, que leia.

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